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Trump evita conflito com Riad e mantém distância do caso Khashoggi

O presidente americano, Donald Trump, absteve-se, no caso do assassinato do jornalista assassinado

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Imagem de arquivo: O reiterado apoio de Trump à Arábia Saudita apenas reforça a ideia de que a relação entre os dois é forte (Kevin Lamarque/Reuters)

Imagem de arquivo: O reiterado apoio de Trump à Arábia Saudita apenas reforça a ideia de que a relação entre os dois é forte (Kevin Lamarque/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de novembro de 2018 às, 13h06.

Última atualização em 22 de novembro de 2018 às, 13h07.

O presidente americano, Donald Trump, absteve-se, no caso do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, de usar todos os meios de pressão disponíveis contra Riad, preferindo privilegiar os benefícios econômicos da relação bilateral com a Arábia Saudita.

De acordo com a imprensa americana, a CIA não tem dúvida sobre a responsabilidade do príncipe herdeiro saudita, Mohammed ben Salman, no homicídio de Jamal Khashoggi, um jornalista saudita crítico do poder morto em 2 de outubro no consulado saudita em Istambul.

Na terça-feira, Trump chegou a declarar que a agência americana de Inteligência não havia encontrado "nada de absolutamente certo" e reafirmou seu apoio aos líderes do reino.

"Pode muito bem ser que o príncipe herdeiro tenha tido conhecimento desse trágico acontecimento - talvez, talvez não!", afirmou.

O que conta, antes de tudo, ressaltou Trump, são os laços profundos com o reino saudita.

Esses laços incluem a luta contra o Irã - um inimigo comum -, o combate ao "terrorismo islâmico radical", a compra de armas americanas por parte de Riad, ou a estabilidade dos preços do petróleo. A Arábia Saudita é o primeiro exportador mundial dessa commodity.

Interesses econômicos

O reiterado apoio de Trump à Arábia Saudita apenas reforça a ideia de que a relação entre os dois países é tão forte que ela não pode ser posta em xeque e, portanto, abalada.

Para alguns especialistas, porém, os laços entre ambos os países não são tão cruciais quanto Trump quer fazer pensar, e os americanos têm vantagem no plano econômico. Assim, Washington teria todas as condições de subir o tom.

"Os sauditas precisam das armas e dos equipamentos americanos, mais do que nós precisamos lhes vender esse material", afirma no site da rede CNN Aaron David Miller, um ex-diplomata americano e negociador em vários governos tanto democratas quanto republicanos.

"Seria muito difícil e caro para os sauditas executar as ameaças regulares de comprar 'de terceiros', se não puderem ter o que querem dos Estados Unidos", avalia.

Esses laços se estendem para além do setor militar. Buscando diversificar sua economia amplamente dependente do petróleo, o Fundo Público de Investimento saudita (PIF, na sigla em inglês) tem cotas da ordem de vários bilhões de dólares em uma série de empresas americanas, que vão do aplicativo para transporte de passageiros Uber à Magic Leap, uma start-up especializada em realidade aumentada.

Sem expertise comercial fora do setor petroquímico, Riad gastou milhões de dólares com consultorias, como a McKinsey, ou o Boston Consulting Group.

O site americano de checagem de fatos PolitiFact aponta como falsas as afirmações de Trump, segundo as quais a Arábia Saudita aceitou investir 450 bilhões de dólares, incluindo 110 bilhões de dólares em contratos de armamentos, nos Estados Unidos. De acordo com o site, esses investimentos existem apenas no papel.

"Comprar o mundo"

Além disso, conforme o Center for International Policy, as vendas de armas americanas para a Arábia Saudita representaram algo em torno de 20.000 empregos por ano nos EUA, número bem distante das centenas de milhares de vagas evocadas por Trump.

Trump ignora o fato de que os EUA têm "uma vantagem considerável" sobre Riad, acrescenta esse instituto baseado em Washington.

Já os veículos oficiais sauditas ostentam amplamente o apoio americano, vangloriando-se da força do país.

"A Arábia Saudita primeiro", escreve o jornal pró-governo "Okaz", ecoando o slogan "America First" de Trump.

"Tem o sentimento de que podemos comprar qualquer coisa, de que podemos comprar o mundo", disse à AFP um analista saudita que vive em Riad, depois que o presidente americano reafirmou, na terça-feira, a relação "inquebrantável" com os sauditas.

Ao afirmar que o príncipe herdeiro era o mandante do crime, a CIA quis dizer que não acredita que seu apoio "seja crucial para a segurança nacional americana, ou para a estabilidade do reino", comentou James Dorsey, da Rajaratnam School of International Studies, em Singapura.

Em Riad, o ministro saudita das Relações Exteriores, Adel al-Jubeir, que já havia dito que o príncipe não tinha "nada a ver" com o assassinato, advertiu ontem sobre a insistência nessas alegações.

Em entrevista à rede britânica de televisão BBC, o chanceler ressaltou que o príncipe herdeiro, ou seu pai, o monarca saudita, são "linhas vermelhas" que não podem ser ultrapassadas.

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