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Trump espalha desinformação sobre Kamala Harris usando tema de mudança climática

"Kamala pediu para reduzir drasticamente o consumo de carne vermelha para combater a mudança climática", disse Trump durante um comício em 27 de julho no estado de Minnesota

Montagem com os candidatos Kamala Harris e Donald Trump (AFP/AFP Photo)

Montagem com os candidatos Kamala Harris e Donald Trump (AFP/AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 18 de agosto de 2024 às 14h49.

Marcada por insultos e ataques mútuos, a campanha presidencial dos Estados Unidos tem deixado pouco espaço para a discussão sobre a mudança climática, mesmo enquanto o mundo sofre com temperaturas e desastres naturais sem precedentes.

Mas agora que Donald Trump enfrentará Kamala Harris em vez de Joe Biden, o republicano tem usado seus comícios recentes para espalhar desinformação e memes, incluindo proibições fictícias de carne vermelha e fogões a gás.

"Kamala pediu para reduzir drasticamente o consumo de carne vermelha para combater a mudança climática", disse Trump durante um comício em 27 de julho no estado de Minnesota.

A candidata democrata "se livraria de todas as vacas... e eu suponho que, em algum momento, eles irão atrás dos humanos", acrescentou o ex-presidente, ecoando teorias conspiratórias levantadas sobre Harris em círculos de direita.

J.D. Vance, companheiro de chapa de Trump, amplificou as alegações em um discurso em 3 de agosto em Atlanta, onde disse que Harris "quer tirar seus fogões a gás, até mesmo quer tirar sua capacidade de comer carne vermelha".

Esses mitos ganharam vida própria no X, incentivados por comentaristas conservadores em estados-chave e contas partidárias de Trump com centenas de milhares de seguidores.

Harris, no entanto, não fez tais promessas de campanha.

Ela mesma foi vista usando um fogão a gás e destacou em um painel ambiental de 2019 que "ama hambúrgueres com queijo de vez em quando", embora tenha apoiado a ideia de atualizar as diretrizes dietéticas.

"Uma tática comprovada e real na política é distorcer as posições do seu oponente para que pareçam extremas e inaceitáveis. Trump e Vance estão fazendo exatamente isso com as posições da vice-presidente Harris sobre a ação climática", disse Edward Maibach, diretor do Centro de Comunicação sobre a Mudança Climática da Universidade George Mason.

Postura de Harris

Às narrativas falsas se somam as críticas de Trump e Vance à postura da vice-presidente sobre temas como o fracking, uma técnica de extração subterrânea de petróleo e gás altamente poluente.

Harris defendeu a proibição da prática em 2019, antes de se tornar a companheira de chapa de Biden em 2020. Apesar do posicionamento contrário, ela vem tentando evitar perguntas sobre o assunto, especialmente no estado crucial da Pensilvânia, onde o fracking é um grande negócio.

Ainda assim, os ativistas climáticos têm saudado em sua maioria Harris, cuja postura ambiental historicamente tem estado à esquerda do presidente, especialmente ao processar as empresas petrolíferas como procuradora-geral da Califórnia.

A administração Biden também impulsionou uma mudança para energia renovável ao aprovar a Lei de Redução da Inflação, o maior investimento na diminuição da poluição por carbono na história dos Estados Unidos.

Trump se opôs veementemente à legislação, adotando o lema "perfure, querida, perfure" ("drill, baby, drill") para resumir sua abordagem favorável aos combustíveis fósseis.

A Liga de Eleitores pela Conservação, um grupo de defesa ambiental, disse à AFP que a amplificação da desinformação sobre "proibições generalizadas" pela campanha de Trump constitui "táticas de medo ridículas" feitas para minar o "progresso climático" recente.

"Tiro pela culatra"

Em resposta ao pedido de comentários da AFP, a porta-voz de Harris, Lauren Hitt, não falou sobre as alegações específicas de Trump e seu companheiro de chapa, mas disse que a democrata "está focada em um futuro onde todos os americanos tenham ar limpo, água limpa e energia acessível e confiável".
Trump, por sua vez, tem repetidamente rejeitado as ameaças da mudança climática.

"A maior ameaça não é o aquecimento global, onde o oceano vai subir apenas alguns milímetros nos próximos 400 anos", disse a Elon Musk na rede social X em meados de agosto.

De acordo com uma pesquisa recente do Programa de Comunicação sobre a Mudança Climática de Yale, mais de um terço dos eleitores registrados afirmam que o aquecimento global é muito importante para seu voto nas eleições de 2024.

"Suspeito que a tática resultará em um tiro pela culatra, dado o número relativamente menor de eleitores não comprometidos", disse Maibach.

"O ataque de Trump e Vance à vice-presidente Harris por suas posições sobre o clima os prejudicará mais do que ajudará", acrescentou.

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