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Trump declara vitória durante discurso na Flórida; resultado ainda não é oficial

O candidato republicano lidera a disputa em estados-pêndulos, mas contagem ainda não terminou

Trump falou que iria "processar seus inimigos", mas não se aprofundou na questão (Chip Somodevilla (Getty Images via AFP))

Trump falou que iria "processar seus inimigos", mas não se aprofundou na questão (Chip Somodevilla (Getty Images via AFP))

Publicado em 6 de novembro de 2024 às 06h42.

Última atualização em 6 de novembro de 2024 às 07h05.

Donald Trump reivindicou sua vitória durante um discurso para apoiadores em West Palm Beach, Flórida, na madrugada desta quarta-feira, 6, já se declarando como eleito, mesmo antes do resultado oficial, por conta da sua vitória em três dos sete estados-chave nas eleições dos EUA. Esse resultado parcial aproxima o republicano de retornar à Casa Branca.

O republicano venceu na Carolina do Norte, Geórgia e Pensilvânia. Os americanos ainda aguardam os resultados de Arizona, Nevada, Michigan e Wisconsin. A chefe de campanha de Kamala Harris, Jen O'Malley Dillon, tinha esperança em vencer os dois últimos, assim como a Pensilvânia, trio de estados conhecido como "muralha azul".

Nos outros estados, que geralmente se dividem entre os tradicionalmente democratas ou republicanos, não houve surpresas. Trump venceu, como era esperado, na Flórida e no Texas, enquanto Kamala venceu em Nova York, Califórnia e na capital, Washington DC.

"Esse é um movimento nunca antes visto. Esse foi o maior movimento político da história desse país. Vamos alcançar um novo nível de relevância. Nosso país precisa de ajuda. Vamos resolver nossas fronteiras e todos os outros problemas. Superamos obstáculos que ninguém acreditava ser possível superar. Não descansarei até a América ficar forte novamente para vocês e seus filhos. Será uma nova era de ouro. Vamos tornar a América grande novamente", falou.

O republicano agradeceu a membros de sua campanha que estavam no palanque com ele. Falou que sua esposa, Melania, havia feito um "trabalho magnífico para ajudar as pessoas".

Num ponto mais duro de seu discurso, Trump disse que "iria processar seus inimigos", não deixando claro quem seriam essas pessoas.

"Meu novo governo funcionará de forma simples: promessa feita, promessa cumprida", disse o republicano, recebendo aplausos dos partidários ali presentes.

Também destacou o papel de seu vice, J. D. Vance, que discursou brevemente. "Acabamos de vivenciar a maior virada política da história desse país. Vamos liderar a maior retomada econômica da história", disse. Trump falou que Vance é o "futuro do Partido Republicano", já o indicando como seu sucessor.

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O presidente eleito também elogiou o papel do bilionário Elon Musk na campanha e sinalizou que o dono da Tesla pode ter algum cargo em seu governo. "Ele vai ajudar muitas pessoas. Precisamos proteger nossos gênios", disse.

Trump também falou que Robert F. Kennedy Jr, candidato independente que saiu da disputa para apoiar o republicano, pode colaborar com questões de saúde no novo governo.

"Construímos a mais ampla coalizão da história. Em meu primeiro mandato, derrotei o Estado Islâmico em tempo recorde. Agora, vamos colocar fim às guerras. Deus poupou minha vida por um motivo: para restaurar nosso grande país. É hora de unirmos e acabar com essas divisões dos últimos quatro anos. Queremos tornar a América grande novamente para todos os cidadãos. Deus abençoe vocês e Deus abençoe a América", finalizou.

Líderes internacionais parabenizam Trump

China, Israel, França, Reino Unido e Índia já parabenizaram o republicano. O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse esperar que Trump ajude a Ucrânia a alcançar uma "paz justa".

O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, felicitou Trump e disse que seu retorno à Casa Branca ajudará a Aliança a permanecer "forte".

No Centro de Convenções do condado de Palm Beach, os eleitores de Trump estavam entusiasmados.

"Sinto que Trump já venceu as eleições. Isso acabou e acredito que o mundo está prestes a ficar muito melhor", disse Moses Abraham, de 22 anos.

O resultado é histórico. Se a vitória de Trump for confirmada, este seria o segundo mandato não consecutivo de um presidente desde 1893 e ele será o presidente mais velho eleito.

Comício após comício, o republicano, que sofreu duas tentativas de assassinato durante a campanha, repetiu o roteiro de 2016 e 2020, apresentando-se como o candidato antissistema.

O discurso foi o mesmo em todas as ocasiões: a luta contra os migrantes em situação irregular que, segundo ele, "envenenam o sangue" do país.

Trump já chamou os migrantes de "terroristas", "estupradores", "selvagens" e "animais" que saíram de "prisões e manicômios".

Condenado por um crime no final de maio e com quatro processos pendentes, o republicano pintou um cenário sombrio do país durante uma campanha dominada pela retórica violenta.

Trump insultou a candidata democrata, de 60 anos, a quem chamou de "lunática radical da esquerda", "incompetente", "idiota" e pessoa com um "coeficiente intelectual baixo", entre outras ofensas. Ela respondeu chamando o adversário de "fascista".

Além disso, os últimos dias de campanha foram marcados pelo comentário de um humorista pró-Trump que disse que Porto Rico é como uma "ilha flutuante de lixo" ou por uma gafe do presidente Joe Biden que, em resposta, disse que "lixo" eram os eleitores do republicano.

Três meses

Kamala Harris, negra e de ascendência sul-asiática, também aspirava fazer história como a primeira mulher a ocupar o cargo mais alto da nação.

Ela teve apenas três meses para convencer os americanos. A democrata entrou na campanha depois que o presidente Joe Biden desistiu da reeleição em julho e anunciou seu apoio à vice-presidente.

Kamala apresentou um programa eleitoral vago, mas centrista. Ela anunciou propostas de combate à imigração ilegal, melhorias para a classe média e de defesa do direito ao aborto.

Ela deveria falar com seus eleitores na Universidade Howard, em Washington, tradicionalmente frequentada por estudantes negros, onde a democrata também estudou, mas o discurso foi cancelado.

A alegria inicial dos apoiadores da democrata presentes no campus rapidamente virou preocupação.

"Agora estou com medo, estou ansiosa. Nem consigo mexer as pernas", disse Charlyn Anderson.

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