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Trump condiciona aproximação com Cuba a direitos humanos

O secretário de Estado, Rex Tillerson, disse que o seu Governo vê elementos "preocupantes" na política de abertura iniciada pelo ex-presidente Obama

Cuba-EUA: "Cuba deve, absolutamente, começar a fazer frente aos desafios em direitos humanos" (Enrique De La Osa/Reuters)

Cuba-EUA: "Cuba deve, absolutamente, começar a fazer frente aos desafios em direitos humanos" (Enrique De La Osa/Reuters)

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EFE

Publicado em 13 de junho de 2017 às 16h44.

Washington - O Governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira que quer seguir com a política para se aproximar de Cuba, mas também assegurar que as empresas americanas não darão "apoio financeiro" ao Governo cubano e que "incentivarão" esse Executivo a respeitar mais os direitos humanos.

O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, disse que o seu Governo vê elementos "preocupantes" na política de abertura iniciada pelo ex-presidente Barack Obama, e acredita que está "involuntariamente proporcionando apoio financeiro ao regime "cubano, algo que o novo Executivo quer frear porque é contra a lei".

"Acreditamos que conseguimos muito pouco no que é relativo à mudança de comportamento do regime e seu tratamento com as pessoas", acrescentou Tillerson em uma audiência perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado.

Espera-se que Trump anuncie na sexta-feira em Miami o resultado da revisão encarregada logo que chegou ao poder sobre a política de normalização de relações com Cuba iniciada por Obama e o presidente cubano, Raúl Castro, em dezembro de 2014.

"O enfoque geral (da revisão ordenada por Trump) é permitir que a atividade comercial e de intercâmbio com Cuba continue, porque vemos o lado bom (da política de aproximação), vemos os benefícios para o povo cubano", explicou hoje Tillerson.

"E de algum modo, mais adiante, poderemos chegar ao ponto de normalização" das relações com Cuba, acrescentou.

Mas também há um "lado obscuro" na relação, segundo Tillerson. Segundo o secretário de Estado, "Cuba não melhorou o seu histórico de direitos humanos: os opositores e dissidentes seguem sendo presos e as Damas de Branco seguem sendo acossadas".

"Queremos manter o lado bom desta relação, mas Cuba deve, absolutamente, começar a fazer frente aos desafios em direitos humanos", disse o chefe da diplomacia americana.

Além disso, ao Governo de Trump preocupa que a relação "esteja em conflito com obrigações" estabelecidas por lei nos Estados Unidos.

"À medida que desenvolvemos estas relações de negócios e desfrutamos dos benefícios do lado econômico e de desenvolvimento, estamos involuntariamente ou diretamente proporcionando apoio financeiro ao regime? A nossa opinião é que sim", disse Tillerson, que destacou que é preciso mudar as coisas para "cumprir" com a lei.

Portanto, os Estados Unidos consideram "importante dar passos" para voltar a garantir o cumprimento "da intenção da legislação Helms Burton", uma lei de 1996 que estipula que as restrições econômicas devem ser mantidas em vigor até que Cuba cumpra com certas condições, entre elas que a família Castro deixe o poder.

O objetivo dessa lei "era pressionar o regime para que mudasse, e essa pressão foi eliminada quase totalmente agora", o que "promove a continuidade desse regime", afirmou Tillerson.

Ainda que Tillerson não tenha mencionado medidas concretas, as suas declarações se encaixam em uma das possíveis mudanças que mais têm espalhado rumores dentro da revisão da política: a proibição às empresas americanas de negociar com entidades que tenham laços com as Forças Armadas Revolucionárias de Cuba.

O chefe da diplomacia americana assegurou, no entanto, que há "algumas áreas, temas de importância diplomática na área regional", nas quais o Governo de Trump quer "se relacionar com o regime cubano", porque considera que "pode haver áreas de interesse comum" na jovem relação.

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