Trump chega a Cingapura para encontro com norte-coreano Kim Jong Un
Nos últimos dias, o presidente dos Estados Unidos se referiu ao encontro como meio para que as duas lideranças se conheçam
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de junho de 2018 às 10h20.
Última atualização em 10 de junho de 2018 às 10h21.
Cingapura - O líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, chegou a Cingapura na madrugada deste domingo (período da tarde, pelo horário local) para o encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,previsto para esta terça-feira (12).
Depois de ter sido recebido no aeroporto pelo ministro de Relações Exteriores de Cingapura, Vivian Balakrishnan, Kim se reuniu com o primeiro ministro da cidade-Estado, Lee Hsien Loong, no palácio presidencial.
A chegada de Trump é aguardada para a manhã deste domingo, pelo horário de Brasília (fim do dia pelo horário local).
Cerca de 3 mil jornalistas acompanham a viagem de Kim Jong Un e Donald Trump em Cingapura. Nos últimos meses, a política externa adotada por Kim deu uma guinada em direção à diplomacia, após uma série de testes com mísseis e armas nucleares no ano passado, que alimentaram temores em todo o mundo sobra a possibilidade de uma guerra vir a ocorrer.
Muitos especialistas acreditam que a Coreia do Norte está prestes a desenvolver mísseis com armas nucleares capazes de alcançar o continente americano. Há entre eles um ceticismo sobre a possibilidade de o ditador norte-coreano desistir de usar tais armas, ao mesmo tempo em que surgem sinais de que a diplomacia pode substituir a animosidade entre os EUA e o país asiático.
Inicialmente, a reunião se destinaria a convencer a Coreia do Norte a abandonar seu programa de armas nucleares, mas nos últimos dias Trump se referiu ao encontro como meio para que as duas lideranças se conheçam. Ele também levantou a possibilidade de serem realizadas outras cúpulas e de se buscar um acordo que ponha fim à Guerra da Coreia, em substituição ao armistício assinado em 1953 com um tratado de paz.
Não está claro, até o momento, que tipo de decisão pode resultar na terça-feira. Pyongyang diz estar disposto a deixar de lado seu arsenal nuclear se os EUA derem garantias de segurança e outros benefícios. Muitos analistas consideram esta hipótese improvável, em virtude dos esforços feitos por Kim para construir seu programa e pelo fato de as armas serem vistas como a principal garantia para assegurar seu controle.
Qualquer acordo dependerá da disposição da Coreia do Norte de permitir acesso irrestrito a autoridades internacionais para realizar inspeções das ogivas nucleares e combustíveis do país. No passado, os norte-coreanos relutaram em abrir as portas destas unidades a estrangeiros.
Outra possibilidade é que as duas lideranças discutam sobre um acordo para acabar com a Guerra da Coreia. A Coreia do Norte estaria demandando há algum tempo a saída das tropas norte-americanas da Península Coreana, como forma de abrir caminho para um governo unificado liderado pelos norte-coreanos.
Apesar de os combates da guerra terem terminado em 27 de julho de 1953, tecnicamente o conflito continua porque ao invés de um tratado de paz, oficiais militares da Organização das Nações Unidas (ONU), Coreia do Norte e China, liderados pelos EUA, assinaram um armistício que interrompeu as batalhas.
A Coreia do Norte poderia ver em um tratado e nas garantias de segurança dadas por Washington a melhor maneira de preservar a dinastia de família de Kim. O subsequente reconhecimento como um "país normal" poderia resultar em alívio das sanções impostas aos norte-coreanos e, posteriormente, em ajuda internacional e investimentos.