O presidente também foi alvo de colegas de partido, os senadores Lindsey Graham, da Carolina do Sul, e Jeff Flake, do Arizona (Jim Lo Scalzo/Reuters)
AFP
Publicado em 17 de agosto de 2017 às 11h33.
O presidente Donald Trump retomou nesta quinta-feira (17) um tema habitual e voltou a criticar imprensa por, segundo ele, deturpar suas declarações sobre a violência registrada na cidade de Charlottesville.
"O público está vendo (mais uma vez) como as 'Fake News' são desonestas. Elas deturpam totalmente o que eu disse sobre ódio, preconceito etc. Que vergonha!", postou o presidente no Twitter.
The public is learning (even more so) how dishonest the Fake News is. They totally misrepresent what I say about hate, bigotry etc. Shame!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 17, 2017
Uma série de violências resultou na morte de uma mulher atropelada por um suposto neonazista durante confrontos entre supremacistas brancos e militantes antirrascismo na cidade de Charlottesville, Virgínia, no sábado.
Políticos tanto do Partido Democrata como Republicano criticaram a resposta inicial de Trump, que ele condenou a violência nos dois lados, e a consideram inadequada.
Na segunda-feira (14), ele classificou os movimentos neonazistas da Klu Klux Klan como "repugnantes", mas, na terça, retornou à sua posição inicial e disse que os dois lados eram responsáveis pela violência do final de semana.
A dúbia condenação de Trump à extrema-direita racista desatou uma tempestade de críticas dentro e fora dos Estados Unidos.
O presidente também foi alvo de colegas de partido, os senadores Lindsey Graham, da Carolina do Sul, e Jeff Flake, do Arizona.
"Lindsey Graham, em busca de publicidade, afirmou falsamente que eu disse que há uma equivalência moral entre o KKK, neonazistas e supremacistas brancos... e pessoas como a senhora Heyer", afirmou Trump no Twitter.
Heather Heyer, 32 anos, foi morta no sábado, em Charlottesville, quando um supremacista branco atropelou intencionalmente um grupo de pessoas que protestava contra a passeata da extrema-direita.
"Isso é uma mentira nojenta", atacou.
"Ele não pode esquecer de sua derrota eleitoral. O povo da Carolina do Sul vai se lembrar!", acrescentou Trump.
O presidente aparentemente se referia à derrota de Graham nas primárias presidenciais do ano passado.
Graham afirmou que Trump "deu um passo atrás ao sugerir que havia uma equivalência moral entre supremacistas brancos neonazistas e membros da KKK que participaram da passeata de Charlottesville e pessoas como Heyer".
Trump também não poupou Flake, um dos poucos republicanos abertamente críticos ao presidente.
"É ótimo ver que o dr. Kelli Ward está disputando de novo contra Jeff Flake, que é FRACO nas fronteiras, no crime e desnecessário no Senado. Ele é um lixo!", tuitou Trump.
Great to see that Dr. Kelli Ward is running against Flake Jeff Flake, who is WEAK on borders, crime and a non-factor in Senate. He's toxic!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 17, 2017
Flake, que está disputando a reeleição, escreveu na quarta: "Não podemos dar desculpas para supremacistas brancos e atos de terrorismo doméstico. Devemos condenar. Ponto".
"Não podemos proclamar ser do partido de Lincoln se não condenarmos a supremacia branca", tuitou ainda.
Abraham Lincoln, o presidente americano que libertou os escravos e derrotou a confederação sulista na Guerra Civil de 1861-1865, era um proeminente republicano e é um das das figuras mais reverenciadas na política americana.
Até os ex-presidentes republicanos George H.W. Bush e George W. Bush, em um comunicado conjunto pouco comum, pediram aos americanos que "repudiem o racismo, o antissemitismo e o ódio em todas as suas formas".
E o antecessor democrata de Trump, Barack Obama, postou uma mensagem que, em pouco tempo, superou a marca histórica dos três milhões de compartilhamentos no Twitter. Ele citou Nelson Mandela: "ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou sua origem, ou sua religião".
"No one is born hating another person because of the color of his skin or his background or his religion..." pic.twitter.com/InZ58zkoAm
— Barack Obama (@BarackObama) August 13, 2017