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Tropas esvaziam capital do Zimbábue e aumentam os temores sobre generais

Após as eleições, três pessoas foram mortas por soldados, que dispersavam protestos sobre a fraude na eleição presidencial

Achávamos que eram nossos salvadores em novembro, mas eles nos enganaram, disse um vendedor de jornais (/Siphiwe Sibeko/Reuters)

Achávamos que eram nossos salvadores em novembro, mas eles nos enganaram, disse um vendedor de jornais (/Siphiwe Sibeko/Reuters)

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Reuters

Publicado em 2 de agosto de 2018 às 11h40.

Harare - Tropas ordenaram o fechamento de lojas e instruíram as pessoas a deixarem o centro da capital do Zimbábue nesta quinta-feira, um dia depois de três pessoas serem mortas por soldados enviados para dispersar manifestantes que clamavam que a eleição presidencial desta semana foi fraudada.

A repressão do Exército abateu a euforia que se seguiu à deposição de Robert Mugabe, que governou o país com mão pesada por muito tempo, oito meses atrás e atiçou as suspeitas de que os generais que deram o golpe continuam sendo os governantes de fato do Zimbábue.

Em Harare, o contraste não poderia ser maior em relação a novembro, quando centenas de milhares tomaram as ruas abraçando soldados e comemorando seu papel no afastamento de Mugabe, de 94 anos, o único líder que o país conheceu desde sua independência em 1980.

"Eles estão mostrando quem realmente são agora. Achávamos que eram nossos salvadores em novembro, mas eles nos enganaram", disse o vendedor de jornais Farai Dzengera, admitindo que o sonho breve de um fim às décadas de repressão acabou.

"Agora eles nos dizem para sair do centro da cidade. O que podemos fazer? Sairemos. Eles mandam neste país."

Quase todas as lojas do centro de Harare foram fechadas, e as calçadas normalmente movimentadas ficaram estranhamente silenciosas. Várias ruas continuavam cobertas de entulho e cinzas deixados pelos confrontos de quarta-feira entre manifestantes e soldados.

"Estamos só esperando para ver o que eles farão em seguida, já que não nos querem no centro. Quem pode discutir com um homem armado?", indagou Isaac Nyirenda, bebendo uma cerveja de sorgo em uma garrafa plástica.

George Charamba, principal porta-voz do presidente Emmerson Mnangagwa, refutou os relatos como "notícias falsas que visam desestabilizar nosso país".

"Minha mensagem hoje a todos os zimbabuanos é que hoje é um dia de trabalho normal. Eles devem cuidar de suas vidas como sempre", disse ele na televisão estatal.

A violência de quarta-feira, que ocorreu na esteira de uma eleição relativamente ordeira, acaba com as esperanças de Mnangagwa de reparar a imagem de uma nação que se tornou um símbolo de corrupção e colapso econômico sob Mugabe.

O uso de soldados para controlar a capital confirma os receios de que os generais que depuseram Mugabe estão firmes no comando, dizem analistas.

A comissão eleitoral, cujo site foi hackeado durante a noite, disse que anunciará os resultados da votação "muito em breve".

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