Gâmbia: a ONU reiterou seu pedido a Jammeh para que transfira o poder hoje mesmo e expressou seu "total apoio" às ações da Cedeao (Thierry Gouegnon/Reuters)
EFE
Publicado em 19 de janeiro de 2017 às 17h59.
Dacar - Tropas do Senegal integradas no contingente da Comunidade Econômica dos Estados de África Ocidental (Cedeao) entraram nesta quinta-feira na Gâmbia para expulsar o ex-presidente Yahya Jammeh, que se nega a ceder o poder em Banjul, informaram à Agência Efe fontes militares.
A operação militar começou pouco depois de o Conselho de Segurança da ONU aprovar uma resolução que respalda as gestões da Cedeao para conseguir que Jammeh entregue o poder, divulgada instantes após a posse de Adama Barrow como novo presidente em um ato realizado na embaixada da Gâmbia em Dacar.
A ONU reiterou seu pedido a Jammeh para que transfira o poder hoje mesmo e expressou seu "total apoio" às ações da Cedeao, mas sem se referir concretamente à possibilidade de uma intervenção militar para forçar a saída do ex-presidente.
A organização regional, que agrupa 15 países da região e que tentou mediar na crise, mantém soldados de Nigéria, Gana, Mali, Togo e Senegal na fronteira gambiana há dias.
A resolução do Conselho de Segurança não faz menção concreta a essa possível ação armada, mas convoca todos os países da região e as organizações regionais a "cooperar com o presidente Barrow em seus esforços para conseguir a transferência do poder".
Momentos antes, durante sua posse, Barrow ordenou ao exército de seu país que lhe mostre lealdade e não ofereça resistência perante a iminente intervenção da coalizão militar regional.
A Cedeao deu a Jammeh um ultimato que expirava na meia-noite da quarta-feira para que saísse antes de iniciar sua intervenção militar, mas o bloco regional finalmente atrasou a entrada de suas tropas para dar uma oportunidade à mediação do presidente da Mauritânia, Mohammed Ould Abdelaziz.
No entanto, o presidente mauritano também não conseguiu convencer Jammeh a ceder o comando, razão pela qual durante o dia de hoje a Cedeao esperou para obter o respaldo do Conselho de Segurança da ONU para iniciar sua intervenção.
Após aceitar sua derrota no pleito no último dia 2 de dezembro, Jammeh voltou atrás para tentar impugnar os resultados alegando supostos erros na apuração dos votos.
Desde então, a União Africana, a ONU e a comunidade internacional pediram a Jammeh, no poder há 22 anos, que se retire e aceite o veredito das urnas que reflete a vontade do povo gambiano.