Mundo

Tribunal internacional vai investigar violência na Líbia

Procurador-geral do Tribunal Penal Internacional vai investigar se ataques contra a população foram um crime contra a humanidade

O TPI espera decidir nos próximos dias se há razão para a abertura de processo (John Moore/Getty Images)

O TPI espera decidir nos próximos dias se há razão para a abertura de processo (John Moore/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de fevereiro de 2011 às 17h31.

Haia, Holanda - O escritório do procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI) começou nesta segunda-feira a examinar a violência registrada desde meados de fevereiro contra a população civil na Líbia, a fim de estabelecer se ela constitui crime contra a humanidade.

"O escritório (do procurador) examina atualmente as acusações de ataques em grande escala ou sistemáticos contra a população civil", declarou Luis Moreno-Ocampo durante uma coletiva de imprensa em Haia. "Isto pode constituir crimes contra a humanidade e deve acabar", acrescentou.

O exame preliminar, que começou a ser conduzido nesta segunda-feira, é a etapa prioritária para qualquer abertura de investigação e para emissão de mandados de prisão pelo TPI, primeiro tribunal internacional a permitir o julgamento de autores de crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio.

"Estamos prontos para agir o mais rápido possível", afirmou Moreno-Ocampo, destacando que a decisão sobre a abertura eventual de uma investigação será tomada "nos próximos dias".

Convocado no sábado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, o procurador deve, em um primeiro momento, estabelecer se existe "uma base razoável para se crer que um crime de competência do Tribunal foi ou está sendo cometido", segundo o estatuto de Roma, texto fundador do TPI.

Durante esta primeira fase, o escritório do procurador coleta e analisa informações obtidas junto a fontes variadas. Contatos com organizações internacionais, tais como a Liga Árabe e a União Africana, vão assim ser efetuados, precisou Moreno-Ocampo.

O escritório do procurador deseja igualmente examinar fotos e vídeos confirmando que os supostos crimes foram cometidos, continuou.

No final, o escritório entrará em contato com oficiais e dirigentes militares líbios "para obter informações sobre a identidade das autoridades encarregadas do controle e do comando daqueles que forem suspeitos de envolvimento nos crimes", acrescentou o magistrado argentino.

"Se pessoas estivessem em uma praça e fossem atacadas por tanques, aviões e soldados, e se essas pessoas fossem mortas sistematicamente, então, isso seria caracterizado como crime contra a humanidade", afirmou Moreno-Ocampo.

Esta é a segunda vez na história do TPI, que começou a funcionar em 2002, que o escritório do procurador é convocado diretamente pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas para realizar uma investigação.

Em 2005, o Conselho de Segurança havia pedido para Moreno-Ocampo que investigasse as violências cometidas em Darfur, levando a emissão de mandados de prisão contra o presidente sudanês Omar al-Bashir por crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio, em março de 2009 e julho de 2010.

O procurador pode ser convocado a investigar uma situação em um país a pedido do Conselho de Segurança, como no caso da Líbia que não é um país membro do Estatuto de Roma, a pedido de um dos 114 Estados que ratificaram o Estatuto ou por sua própria iniciativa, contanto que haja autorização dos juízes.

Várias análises preliminares são conduzidas pelo escritório do procurador do TPI. Atualmente, três processos estão em curso, incluindo o do antigo vice-presidente da República do Congo, Jean-Pierre Bemba.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaDiplomaciaJustiçaLíbiaViolência urbana

Mais de Mundo

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua

Corte Constitucional de Moçambique confirma vitória do partido governista nas eleições

Terremoto de magnitude 6,1 sacode leste de Cuba

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional