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Trégua no Iêmen chega ao fim e ameaça ajuda humanitária

Os bombardeios aéreos foram retomados porque os rebeldes xiitas violaram a trégua humanitária de cinco dias

Escombros de casas atingidas por bombardeios à capital iemenita no mês passado (Mohammed Huwais/AFP)

Escombros de casas atingidas por bombardeios à capital iemenita no mês passado (Mohammed Huwais/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2015 às 11h58.

Sana - Os ataques aéreos da coalizão árabe contra os rebeldes no Iêmen foram retomados depois de uma trégua de cinco dias, o que pode comprometer a entrega de ajuda humanitária, que começa a chegar, em um país onde a população carece de tudo.

Os bombardeios aéreos foram retomados porque os rebeldes xiitas violaram a trégua humanitária de cinco dias, afirmou o porta-voz da coalizão, o general Ahmen al-Asiri.

À frente da coalizão, a Arábia Saudita constatou, de acordo com uma fonte diplomática ocidental, que os rebeldes xiitas huthis aproveitaram-se da trégua para posicionar peças de artilharia e lançadores de foguetes perto da fronteira saudita.

"Eles (os sauditas) consideram que é uma violação direta do acordo de cessar-fogo", declarou a fonte à AFP.

Sem fazer qualquer declaração sobre o fim da trégua, as forças sauditas, as mais ativas dentro da coalizão, retomaram a campanha de ataques aéreos e bombardeios, suspensos desde terça-feira à noite.

As tropas mobilizadas na fronteira bombardearam posições dos huthis no norte do Iêmen, informou Al-Arabiya, um canal de televisão saudita, com sede em Dubai.

Aeronaves da coalizão também visaram nesta madrugada posições dos rebeldes em Áden (sul), de acordo com fontes militares e testemunhas. Ao menos cinco veículos dos huthis foram destruídos, acrescentaram as fontes, que não souberam fornecer um balanço de mortos.

Um ataque anterior havia atingido o palácio presidencial e uma base das forças especiais, dois locais controlados pelos rebeldes e seus aliados, soldados leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh.

Estes são os primeiros ataques aéreos registrados após o término, às 20h00 GMT (17h00 de Brasília), da trégua em vigor desde terça-feira.

O cessar-fogo foi declarado pela Arábia Saudita, interrompendo os ataques realizados desde 26 de março em apoio aos partidários do presidente exilado Abd Rabbo Mansour Hadi.

A trégua foi marcada por combates no terreno entre os rebeldes e as forças pró-Hadi e por incidentes na fronteira com a Arábia Saudita, onde o Reino denunciou ataques a partir do norte do Iêmen.

Filas de espera por combustível

Confrontos esporádicos continuam nesta segunda em Áden e Taez (sudoeste), segundo habitantes locais. E 12 rebeldes foram mortos em um ataque com armas automáticas e foguetes RPG lançados pelas forças pró-Hadi em Dhaleh (sul), de acordo com fontes militares.

Na capital Sanaa, apesar da relativa calma, a população permanece carente de serviços essenciais, tais como água, eletricidade e combustível.

Centenas de veículos faziam fila nos poucos postos de gasolina abertos, informou um correspondente da AFP.

A trégua ajudou no envio ao país de quantidades significativas de combustível, remédios e comida, mas a sua distribuição continua a ser prejudicada pelos combates.

Um grupo de organizações hostis aos huthis acusou os milicianos xiitas de monopolizar a ajuda que chega em Taez.

"A trégua beneficiou os huthis que puderam organizar melhor suas fileiras e repor os estoques de combustível em áreas sob seu controle", declarou o grupo "Forças Revolucionárias da Taez".

O coordenador das atividades humanitárias da ONU para o Iêmen, Johannes van der Klaauw, apelou no sábado a coalizão para "simplificar" o controle de cargas para este país, considerando que estas medidas freia a entrega vital de bens e "ajuda humanitária.

No domingo, o enviado da ONU Ismail Ould Cheikh Ahmed considerou que o cessar-fogo não tinha possibilitado o fornecimento de ajuda humanitária suficiente em áreas afetadas pelo conflito. Ele pediu a "todas as partes que respeite a trégua por pelo menos mais cinco dias."

A ONU considera a situação humanitária "catastrófica" no Iêmen, onde mais de 1.600 pessoas, incluindo muitos civis, foram mortos desde março.

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