Coronavírus em Nova York, Estados Unidos (Spencer Platt / Equipe/Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 16 de maio de 2020 às 13h02.
Última atualização em 16 de maio de 2020 às 13h46.
Transporte público é quase sinônimo de aglomeração, no Brasil e no mundo. Mas o que costumava ser na maioria das vezes apenas um desconforto agora virou emergência de saúde pública.
Com a pandemia do novo coronavírus, cidades ao redor do mundo correm para traçar estratégias que permitam o uso do sistema sem disparar uma disseminação descontrolada.
Nesta semana, o presidente da Autoridade de Transporte Metropolitano de Nova York, Pat Foye, foi questionado pela CBS sobre a possibilidade de agendamento para uso do transporte público.
Ele respondeu que nenhuma decisão foi tomada, mas todas as opções estão na mesa para montar um plano multidimensional para o uso do sistema que costuma transportar 5,5 milhões de pessoas por dia na maior cidade dos Estados Unidos.
“Reservas seriam algo difícil de alcançar, mas creio que temos uma obrigação de olhar para isso e vamos olhar para tudo que achamos que faz sentido", disse Foye.
O desafio seria fazer um sistema fácil de usar para todos os segmentos da população, mas ele teria pelo menos uma vantagem: facilitar, em tese e no futuro, o rastreamento dos contatos de alguém que tenha usado o transporte infectado.
Foye, que inclusive teve a doença e se recuperou, enfatizou que o primeiro elemento do plano para uso do transporte público é o uso de máscaras, já obrigatório também em São Paulo.
O secretário de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Alexandre Baldy, defendeu nesta sexta-feira (15) que a utilização, nos horários de pico, do transporte público de massa de São Paulo, como o metrô e trem, seja feito de forma exclusiva pelos profissionais que atuam em áreas essenciais, evitando assim aglomeração nas estações e vagões.
Baldy ressaltou que autoridades da área da saúde consideram o transporte coletivo o segundo local, depois dos hospitais, em que mais há disseminação do novo coronavírus.
De acordo com o secretário, o governo tem buscado dialogar com prefeituras e a iniciativa privada para que haja um escalonamento no horário de trabalho dos demais profissionais, que não atuam em áreas essenciais, para que o serviço de transporte coletivo seja utilizado por eles fora dos horários de pico.
“O objetivo maior que eu tenho buscado dialogar com as prefeituras é que nós consigamos escalonar a entrada e saída de funcionários para que nós possamos fazer com que o horário de pico, que hoje está entre as 5h30 e as 7h30, e entre as 17h30 e as 19h15, seja exclusivo de quem atua em atividade essenciais”, disse pelas redes sociais, em transmissão ao vivo pelo grupo Lide.
Baldy ressaltou que, para a medida ser aplicada, seria necessário discutir com a inciativa privada e as prefeituras a alteração do horário de funcionamento de supermercados, farmácias – e outras atividades que estão permitidas – para fora do horário de pico, de maneira a deslocar a demanda do transporte de massa para os demais períodos.
“Esses horários que são do início da operação de supermercados, farmácias, construção civil, enfim, de todas as demais atividades que são permitidas por decreto estaduais ou municipais, que eles fossem escalonados fora do horário de pico, para que a gente tenha pessoas, trabalhadores, utilizando o transporte público fora do horário de pico”, disse.
De acordo com o secretário, 70% das pessoas transportadas por metrô e trem na capital paulista fazem uso do sistema no horário de pico, que dura em média quatro horas. Já os demais 30% dos usuários utilizam o sistema nas demais horas em que há funcionamento do transporte.
“[É preciso] conseguir elaborar um planejamento para que se possa escalonar [os horários] em tratativa com o setor produtivo, com setor privado, para que os funcionários de atividades não essenciais possam utilizar o transporte público de modo inteligente”, disse.