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Tragédia no deserto do Níger tem 87 emigrantes mortos

As 87 vítimas se somam às cinco mulheres e jovens do mesmo grupo clandestino de emigrantes encontrados na última segunda-feira pelo Exército


	Paisagem de 2003 mostra deserto do Níger: um dos países mais pobres do mundo e palco de crises alimentares recorrentes, o Níger sofre com o fenômeno da emigração
 (Hocine Zaourar/AFP)

Paisagem de 2003 mostra deserto do Níger: um dos países mais pobres do mundo e palco de crises alimentares recorrentes, o Níger sofre com o fenômeno da emigração (Hocine Zaourar/AFP)

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Da Redação

Publicado em 31 de outubro de 2013 às 06h59.

Niamei - Os corpos de 87 pessoas foram encontrados nesta quarta-feira no deserto do Níger, a cerca de dez quilômetros da fronteira com a Argélia - no desfecho de mais uma tragédia envolvendo emigrantes, informou uma fonte militar nigerina.

Essas 87 vítimas - sete homens, 32 mulheres e 48 crianças - se somam às cinco mulheres e jovens do mesmo grupo clandestino encontrados na última segunda-feira pelo Exército, acrescentou a fonte.

Todas as vítimas, que haviam iniciado no final de setembro uma viagem para a Argélia, morreram no início de outubro - completou a mesma fonte consultada pela AFP.

O número de mortos foi confirmado por Almustapha Alhacen, diretor da ONG Aghir In'man ("Escudo Humano", em tradução livre do tuaregue), que foi ao local.

"Os corpos estavam em decomposição. Foi horrível. Nós os encontramos em diversos lugares, em um raio de 20 quilômetros e em pequenos grupos, com frequência, sob as árvores, ou debaixo do sol. Às vezes, víamos uma mãe e seus filhos, outras, crianças sozinhas", relatou Alhacen.

Alguns corpos foram "devorados por chacais e outros animais" e a maioria das crianças mortas eram do sexo feminino, "com pulseiras no braço", explicou.

A descoberta macabra se estendeu durante sete horas - entre às 06H00 e às 13H00 GMT. Os corpos foram enterrados seguindo o ritual muçulmano, com a presença de um imã, "a medida em que eram encontrados", disse Alhacen.

Na segunda-feira, as autoridades locais nigerinas haviam anunciado a morte de pelo menos 35 pessoas, mulheres e crianças em sua maioria, mortas desidratadas quando tentavam emigrar para a Argélia.


"Sete dias no deserto"

Dois veículos que transportavam os emigrantes foram encontrados avariados no deserto, a 83 km de Arlit (norte do Níger e ponto de partida do grupo) e a 158 km, informou uma fonte da segurança.

"O primeiro veículo sofreu uma avaria. O segundo voltou a Arlit para buscar uma peça após desembarcar todos os passageiros, mas também quebrou".

"Pensamos que os emigrantes permaneceram sete dias no deserto e a partir do quinto dia começaram a abandonar o veículo em busca de água", o que explicaria a dispersão dos corpos.

Segundo a mesma fonte, 21 pessoas sobreviveram, incluindo "um homem que percorreu 83 quilômetros a pé para chegar a Arlit" (norte da Nigéria) e "uma mulher que foi levada a Arlit por um motorista que cruzou o deserto com ela".

Outros 19 emigrantes foram encaminhados para Tamanrasset (sul da Argélia), seu destino final, antes de serem repatriados para seu país natal - acrescentou a mesma fonte.

Um dos países mais pobres do mundo e palco de crises alimentares recorrentes, o Níger sofre com o fenômeno da emigração, assim como outros Estados africanos. A rota migratória argelina não é, porém, tão concorrida quanto a que leva à Líbia.

De acordo com o Escritório da Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), situado em Niamey, capital deste país, "cerca de 30 mil pessoas" migraram para a Líbia entre março e agosto de 2013, por Agadez, maior cidade do norte nigerino, em condições irregulares. Isso significa pelo menos cinco mil emigrantes por mês, a maioria do oeste da África, sendo muitos nigerinos.

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