Torturas no Chile tinham de Roberto Carlos a George Harrison
As canções de Julio Iglesias, George Harrison ou Roberto Carlos a todo volume serviam de pano de fundo para as torturas na ditadura de Augusto Pinochet
Da Redação
Publicado em 11 de setembro de 2013 às 13h15.
Londres - As canções de Julio Iglesias, George Harrison ou Nino Bravo a todo volume serviam de pano de fundo para as torturas na ditadura de Augusto Pinochet, mas, ao mesmo tempo os presos buscavam alívio na música.
"My Sweet Lord", de Harrison, "Eu quero apenas", Roberto Carlos , "Venceremos", "Libre", de Nino Bravo, ou várias canções de Julio Iglesias fora usadas para abafar os gritos das torturas ou diretamente para abalar os presos, explica à AFP a professora da Universidade de Manchester (norte de Inglaterra) Katia Chornik.
"São músicas que os presos que entrevistei mencionaram, nomes de canções que apareceram mais de uma vez. Mas temos que pensar que o numero de pessoas detidas chega a 40.000. Foram mais de mil locais e eu me concentro em nove", disse a investigadora.
Katia Chornik estuda o papel da música nos centros de detenção, prisões e campos de concentração da ditadura de Pinochet (1973-1990). O golpe de Estado completa 40 anos nesta quarta-feira.
"Comecei a investigar há uma década. Comecei a investigar a música nos campos nazistas e percebi que havia uma situação que me tocava muito mais de perto - meus pais estiveram presos -, que era a dos campos chilenos", relatou.
"Em alguns locais, a música continuava quando os agentes haviam cumprido seu horário, continuava a todo volume", explicou.
Por exemplo, "havia um centro de tortura na rua Irã de Santiago que os agentes chamavam de 'discoteca': o objetivo era calar os gritos dos prisioneiros".
"Na chamada 'no-touch torture' ou tortura sem contato que foi desenvolvida pelos Estados Unidos desde os anos 50 e que ainda é observada no contexto da guerra ao terror, são usadas músicas e sons como forma de saturar os sentidos e provocar desintegração psicológica", explica.
Carlos Reyes, fotógrafo chileno exilado em Londres, pasou dois anos detido no Chile e contou à AFP que "muitas vezes quando havia sessões de tortura colocavam música muito alta".
"O que tocava na rádio. Qualquer música que estava na moda. Nos campos de concentração colocavam música militar para marchar, para cantar, te obrigavam a cantar", relembra.
"A música era parte das 24 horas do dia", resume o fotógrafo.
Ao mesmo tempo, a música consolava os detentos.
"Entre os presos se cantava muita música latino-americana, mas eram escolhidas com cuidado, evitando aquelas de caráter político que poderiam provocar problemas", afirmou Chornik.
Alguns músicos chegaram a dar prosseguimento a suas atividades nos campos, como Ángel Parra, filho de Violeta Parra, que compôs "La pasión según San Juan, Oratorio de Navidad" no campo de Chacabuco.
Londres - As canções de Julio Iglesias, George Harrison ou Nino Bravo a todo volume serviam de pano de fundo para as torturas na ditadura de Augusto Pinochet, mas, ao mesmo tempo os presos buscavam alívio na música.
"My Sweet Lord", de Harrison, "Eu quero apenas", Roberto Carlos , "Venceremos", "Libre", de Nino Bravo, ou várias canções de Julio Iglesias fora usadas para abafar os gritos das torturas ou diretamente para abalar os presos, explica à AFP a professora da Universidade de Manchester (norte de Inglaterra) Katia Chornik.
"São músicas que os presos que entrevistei mencionaram, nomes de canções que apareceram mais de uma vez. Mas temos que pensar que o numero de pessoas detidas chega a 40.000. Foram mais de mil locais e eu me concentro em nove", disse a investigadora.
Katia Chornik estuda o papel da música nos centros de detenção, prisões e campos de concentração da ditadura de Pinochet (1973-1990). O golpe de Estado completa 40 anos nesta quarta-feira.
"Comecei a investigar há uma década. Comecei a investigar a música nos campos nazistas e percebi que havia uma situação que me tocava muito mais de perto - meus pais estiveram presos -, que era a dos campos chilenos", relatou.
"Em alguns locais, a música continuava quando os agentes haviam cumprido seu horário, continuava a todo volume", explicou.
Por exemplo, "havia um centro de tortura na rua Irã de Santiago que os agentes chamavam de 'discoteca': o objetivo era calar os gritos dos prisioneiros".
"Na chamada 'no-touch torture' ou tortura sem contato que foi desenvolvida pelos Estados Unidos desde os anos 50 e que ainda é observada no contexto da guerra ao terror, são usadas músicas e sons como forma de saturar os sentidos e provocar desintegração psicológica", explica.
Carlos Reyes, fotógrafo chileno exilado em Londres, pasou dois anos detido no Chile e contou à AFP que "muitas vezes quando havia sessões de tortura colocavam música muito alta".
"O que tocava na rádio. Qualquer música que estava na moda. Nos campos de concentração colocavam música militar para marchar, para cantar, te obrigavam a cantar", relembra.
"A música era parte das 24 horas do dia", resume o fotógrafo.
Ao mesmo tempo, a música consolava os detentos.
"Entre os presos se cantava muita música latino-americana, mas eram escolhidas com cuidado, evitando aquelas de caráter político que poderiam provocar problemas", afirmou Chornik.
Alguns músicos chegaram a dar prosseguimento a suas atividades nos campos, como Ángel Parra, filho de Violeta Parra, que compôs "La pasión según San Juan, Oratorio de Navidad" no campo de Chacabuco.