Tillerson descarta renúncia e reafirma compromisso com Trump
Segundo um relatório divulgado pelo mídia, a crescente tensão entre Tillerson e Trump motivou uma mediação do vice-presidente para resolver o conflito
AFP
Publicado em 4 de outubro de 2017 às 16h07.
O secretário de Estado americano, Rex Tillerson , negou nesta quarta-feira que tenha a intenção de renunciar ao cargo, em uma tentativa de calar as crescentes versões sobre uma elevada tensão em sua relação com a Casa Branca e o presidente Donald Trump.
"Nunca passou pela minha cabeça considerar a possibilidade de sair", garantiu Tillerson no Departamento de Estado, tentando restabelecer as pontes de diálogo com o presidente em meio a abertas especulações sobre a sua permanência no cargo.
A gota d'água foi um relatório divulgado pela rede NBC News segundo o qual a crescente tensão entre Tillerson e Trump motivou uma mediação do vice-presidente, Mike Pence, para resolver o conflito.
O relatório apontou como expressão dessa tensão que, ao fim de uma reunião em 20 de julho, Tillerson teria chamado o presidente de "estúpido" na frente de assessores.
Dessa forma, o magnata do petróleo e agora secretário de Estado tentou calar a onda de boatos em Washington e enviou uma mensagem à Casa Branca.
"O vice-presidente nunca me persuadiu a permanecer como secretário de Estado porque nunca considerei deixar este cargo", afirmou o chefe da diplomacia americana.
"Meu compromisso com o sucesso de nosso presidente e de nosso país é tão forte quanto no dia em que aceitei ser secretário de Estado", assegurou.
"É inteligente"
Com relação à grosseria com Trump, Tillerson se limitou a comentar que essa versão se propõe a "dividir o país. E eu não quero fazer parte deste esforço de dividir o governo".
Em uma declaração na Casa Branca, Tillerson não poupou elogios a Trump: "ama o nosso país. Coloca os Estados Unidos antes de qualquer coisa. É inteligente e exige resultados", disse.
Tillerson, um empresário que fez fortuna na indústria petroleira, onde chegou a ser diretor executivo da ExxonMobil, nunca conseguiu definir um perfil à frente da poderosa máquina diplomática americana.
Além disso, desde que chegou ao cargo, Tillerson - que nunca havia ocupado um cargo público - enfrentou desafios significativos, como a conflituosa relação com o Irã e a crise com a Coreia do Norte.
Já durante a Assembleia Geral da ONU, os rumores indicavam que a Casa Branca veria com bons olhos um distanciamento de Tillerson para deixar o seu posto para a atual representante dos Estados Unidos no Conselho de Segurança, Nikki Haley.
Nas últimas semanas, Tillerson acabou sendo arrastado várias vezes pelas mensagens do presidente Trump no Twitter, a ponto de parecer que a Casa Branca não estava interessada em seus esforços.
"Perdendo tempo"
Em uma delas, por exemplo, o presidente afirmou que Tillerson estava "perdendo tempo" ao tentar negociar uma saída diplomática às difíceis relações com a Coreia do Norte.
"Não se preocupe, Rex, faremos o que tivermos que fazer", acrescentou o presidente em uma mensagem que, em Washington, foi interpretada como uma tentativa de colocar o milionário secretário distante das decisões centrais do governo.
Essas mensagens de Trump deixaram em evidência uma desavença dentro do gabinete, já que um dia antes o secretário de Defesa, Jim Mattis, disse em audiência no Congresso que apoiava a estratégia de Tillerson para a Coreia do Norte.
Nesta quarta-feira, no entanto, a Casa Branca reagiu de forma coordenada.
O gabinete de Pence emitiu uma nota negando terminantemente que tenha feito alguma intervenção para convencer Tillerson a permanecer no cargo.
Pence "valoriza os serviços do secretário de Estado (...) e agradece que tenha reafirmado a agenda externa do presidente Trump".
De acordo com Pence, a afirmação do relatório sobre a sua suposta mediação entre Trump e Tillerson é "categoricamente falsa".
Em uma mensagem no Twitter, Trump assegurou que os responsáveis pelo relatório "deveriam pedir desculpas aos Estados Unidos".
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, disse que "se o presidente não confiasse em alguém, essa pessoa não estaria em um cargo".