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TikTok banido, protestos e repressão militar: o que está acontecendo na Nova Caledônia?

Número de policiais franceses no país da Oceania aumentará para 2700 após aumento da violência

Nova Caledônia está sob protesto contra a França, depois da nova reforma política na região. (THEO ROUBY/AFP)

Nova Caledônia está sob protesto contra a França, depois da nova reforma política na região. (THEO ROUBY/AFP)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 17 de maio de 2024 às 07h48.

A França aumentou o efetivo policial de 1700 para 2700 na Nova Caledônia, após distúrbios na região, de acordo com a Reuters. Desde a última segunda-feira (13), a região está sob forte protesto por causa da reforma política proposta pelo presidente francês Emmanuel Macron.

A onda de protestos começou no início da semana e resultou em quatro mortes e centenas de prisões, a noite de quinta-feira (16) foi relativamente calma, disse o alto comissário francês, Louis Le Franc, aos jornalistas numa entrevista coletiva. O governo da Nova Caledônia disse em comunicado na sexta-feira que a ilha tem estoques de alimentos para dois meses e que o problema é a distribuição.

Mais de uma centena de pessoas foram presas e o governo francês baniu o aplicativo TikTok até que a situação esteja controlada.  Os manifestantes irritados com a reforma eleitoral queimaram empresas, incendiaram carros, saquearam lojas e montaram barricadas nas estradas durante três dias, cortando o acesso a medicamentos e alimentos, disseram as autoridades.

Indignação com reforma política

Os protestos foram iniciados depois que os políticos franceses de expandir o voto na Nova Caledónia a estrangeiros que vivem na ilha há 10 anos ou mais, num relaxamento das restrições de voto acordado após um período anterior de agitação política na década de 1980.

A violência é a pior no território em mais de 30 anos e surge na sequência de três referendos fracassados sobre a independência que faziam parte de acordos políticos anteriores para garantir a estabilidade. O último referendo, em dezembro de 2021, foi boicotado pelos grupos independentistas Kanak porque ocorreu durante a pandemia da COVID-19 e a participação foi de apenas 44 por cento.

As operações para fornecer alimentos e medicamentos ao público começaram nesta sexta-feira (17), incluindo especialistas em remoção de minas, removendo barricadas rodoviárias que foram armadilhadas por ativistas, afirmou Le Franc.

"Os reforços chegarão em massa, imediatamente (e serão) enviados para controlar as áreas que escaparam ao nosso controle nos últimos dias para reconquistar todas as áreas da área urbana que perdemos", finalizou.

Franceses acusam Azerbaijão e Rússia

Interlocutores do governo francês apontam para influência do Azerbaijão e Rússia nos protestos da Nova Caledônia. O site Politico conversou com um membro da inteligência francesa que afirmou que “detectamos atividades da Rússia e do Azerbaijão na Nova Caledônia durante semanas, até mesmo alguns meses. Eles estão promovendo a narrativa de que a França é um estado colonialista”.

O Azerbaijão convidou separatistas dos territórios franceses da Martinica, Guiana Francesa, Nova Caledónia e Polinésia Francesa para Baku para uma conferência em julho de 2023. Na reunião, foi formada uma organização chamada “Grupo de Iniciativa Baku”, cujo objetivo declarado é apoiar “movimentos de libertação franceses e anticolonialistas”.

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