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Theresa May tem primeiro revés eleitoral por Brexit

Liberais-democratas britânicos encaminham campanha baseada em rebater a gestão do Brexit

Theresa May: conservadores disseram que não mudam seus planos em relação ao Brexit (Andrew Yates / Reuters)
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AFP

Publicado em 2 de dezembro de 2016 às 12h04.

Os liberais-democratas britânicos ganharam de forma surpreendente nesta sexta-feira um deputado no rico bairro londrino de Richmond, com uma campanha pró-europeia baseada em rebater a gestão do Brexit do governo da primeira-ministra Theresa May .

A vitória da desconhecida Sarah Olney não altera substancialmente a composição do Parlamento - os liberais-democratas ganham seu nono deputado, e os conservadores mantêm uma maioria confortável de 328, com os trabalhistas como primeiro partido da oposição.

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No entanto, a derrota serve como alerta à primeira-ministra e representa provavelmente o fim da carreira política de uma antiga estrela do campo conservador, o charmoso multimilionário Zac Goldsmith, que já havia sido derrotado nas últimas municipais de Londres.

"Punição a May pelo Brexit", afirma em sua manchete o jornal Financial Times.

Goldsmith, que ocupava o assento, renunciou em protesto pelos planos de ampliação do aeroporto de Heathrow, desencadeando a eleição parcial, mas seguia contando com o apoio dos conservadores e havia recebido o respaldo do Partido para a Independência do Reino Unido (UKIP, antieuropeu), transformando estas eleições em um 'referendo sobre o referendo' de 23 de junho.

A candidata liberal-democrata venceu com 20.510 votos, contra 18.638 para Goldsmith, anunciou nesta sexta-feira, um dia após a votação, o prefeito do distrito, David Linnette.

"Não queremos uma ruptura dura com a UE"

"As pessoas de Richmond Park e North Kingston provocaram um terremoto que percorre este governo conservador pró-Brexit. E nossa mensagem é clara: não queremos uma ruptura dura com a UE. Não queremos sair do mercado único, e não permitiremos que a intolerância, as divisões e o medo se imponham", disse Olney.

O líder de seu partido, Tim Farron, criticou Theresa May e sua promessa de dar prioridade ao controle da imigração em suas negociações com Bruxelas.

"O UKIP já não tem nenhum valor porque Theresa May se converteu na líder do UKIP", o partido anti-migração liderado há até pouco tempo por Nigel Farage, disse Farron à rádio LBC.

Os conservadores "se apoderaram da visão de extrema-direita do Brexit, com a qual muitas das pessoas que votaram a favor de abandonar a UE não estão de acordo", acrescentou.

"Este resultado não muda nada"

Após a divulgação da vitória, Farron disse aos seus que "se isso tivesse sido uma eleição geral, os conservadores teriam perdido muitos assentos a favor dos 'lib-dem' e teriam perdido a maioria".

Cabe lembrar que a coalizão de governo que o terceiro partido nacional, liderado então por Nick Clegg, aceitou formar com os conservadores de David Cameron, foi severamente punida nas urnas cinco anos depois, em 2015, quando os liberais-democratas passaram de 56 deputados a apenas oito.

Os conservadores tomaram nota da derrota, mas disseram que não mudam seus planos em relação ao Brexit.

"Este resultado não muda nada. O governo mantém seu compromisso de abandonar a União Europeia e ativar o Artigo 50 antes do fim de março do ano que vem", disse um porta-voz "tory".

"Além disso, seguiremos dando passos decisivos pelo interesse nacional para reforçar o lugar do Reino Unido no mundo", completou.

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