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Theresa May sobrevive a revolta do partido e permanece na liderança

Depois de enfrentar um voto de desconfiança de seu próprio partido, May poderá voltar ao que interessa: o Brexit

Primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May: após adiar votação do Brexit, premiê enfrentou revolta no partido (Leon Neal / Staff/Getty Images)

Primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May: após adiar votação do Brexit, premiê enfrentou revolta no partido (Leon Neal / Staff/Getty Images)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 12 de dezembro de 2018 às 19h02.

Última atualização em 12 de dezembro de 2018 às 19h03.

São Paulo – Após um início de semana tumultuado, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, finalmente terá alguma paz para continuar a tarefa hercúlea de colocar o Brexit em ação. Nesta quarta-feira, May assegurou a sua liderança depois de sobreviver a um voto de desconfiança movido por seus próprios colegas de partido.

Ao todo, 200 deputados conservadores votaram em seu favor e 117 se manifestaram contra.

A sua permanência como líder do partido e premiê, contudo, não é indefinida: May disse aos deputados conservadores no Comitê 1922, que reúne a cúpula do partido, que não tem a intenção de ser a líder nas eleições-gerais de 2022. Com a vitória desta quarta, e pelos próximos doze meses, a premiê não poderá mais ser alvo de novas tentativas como essa de removê-la do poder.

A consulta sobre o voto de desconfiança foi anunciada nesta quarta-feira, 12 de dezembro, depois de o Comitê ter recebido as 48 cartas necessárias assinadas por deputados conservadores pedindo para a abertura desse processo. As manifestações vieram depois de May ter postergado a votação no parlamento sobre o acordo do Brexit, marcado para a última terça, por crer que o documento não seria aprovado.

Caos no Brexit

A primeira-ministra, que é a segunda mulher da história a ocupar o cargo, ascendeu ao posto em 2016, depois da renúncia de David Cameron e a aprovação, via referendo, da saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit. Dois anos e meio depois, May continua enfrentando turbulências domésticas em razão desse divórcio.

A situação se tornou ainda mais insustentável em meados de novembro, quando May e equipe voltaram de Bruxelas com um acordo fechado com a União Europeia que desagradou não apenas seus opositores, mas também aliados. O documento deveria ter sido colocado em votação no parlamento na última terça-feira, 11. Contudo, ao perceber que o mesmo não seria aprovado, May postergou a votação, que agora deve acontecer no final de janeiro de 2019.

Embora tenha sobrevivido ao levante do partido do qual é líder, May sabe que o cerco está se fechando contra o Reino Unido, que agora é pressionado para resolver a situação pela União Europeia. Do lado europeu, já foi dito que o acordo acertado não será renegociado, tampouco haverá uma extensão no prazo final para a saída do país do bloco, que está marcada para acontecer em 29 de março de 2019.

Se os britânicos não entrarem em um consenso até essa data (cenário 'no deal'), as perspectivas serão de ainda mais caos e tumulto, uma vez que não haverá período de transição ou novas negociações, mas sim um ponto final na relação. Para o Reino Unido, esse é o pior cenário possível, um que poderá desencadear uma recessão econômica profunda, com a expectativa de desvalorização de até 25% da libra esterlina e aumento da inflação em 6,5%. É bom correr.

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