Papa Francisco: "É necessário ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja", assegurou o Papa (Luca Zennaro/Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2013 às 12h53.
A prestigiosa teóloga italiana Lucetta Scaraffia sugeriu ao papa Francisco a nomeação de uma mulher cardeal como forma de incentivar o papel da mulher dentro da Igreja, segundo artigo publicado nesta terça-feira no jornal italiano Il Messaggero.
"Seria o caminho para conferir autoridade e respeito às mulheres dentro da Igreja. Isso seria possível sem entrar no delicado problema da ordenação sacerdotal para as mulheres", afirmou no artigo.
A respeitada teóloga, que colabora com o jornal do Vaticano L'Osservatore Romano, afirma tratar-se de uma ideia que circula entre alguns ambientes católicos, que pedem que se resolva um dos temas pendentes da Igreja: o papel da mulher dentro da milenar instituição.
O título cardinalício é honorário e, segundo o direito canônico, não se pode ter acesso a ele sem ser religioso, apesar de, no passado, vários laicos terem sido designados "príncipes" da Igreja.
Na semana passada, em uma inédita entrevista concedida ao jesuíta Antonio Spadaro, durante o mês de agosto, e publicada simultaneamente em 16 revistas da Companhia de Jesus em todo o mundo, Francisco refletiu sobre o papel da mulher dentro da Igreja.
"É necessário ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja", assegurou o Papa, que ressaltou que "o gênio feminino é necessário nos locais onde são tomadas decisões importantes".
"Maria, uma mulher, é mais importante que os bispos. Digo isso porque não se pode confundir a função com a dignidade", sustentou o Papa, que defende a elaboração de "uma teologia profunda da mulher".
"Enfrentamos hoje este desafio: refletir sobre o posto específico da mulher, inclusive ali onde é exercida a autoridade nos âmbitos da Igreja", ressaltou.
Não está excluído que o tema seja abordado em outubro pelos 8 cardeais que encarregados do estudo de uma reforma da Igreja.
Para Scaraffia, a designação de uma mulher no Sagrado Colégio de Cardeais representaria um "gesto forte, significativo, similar aos que o papa Francisco está cumprindo".
Esse gesto sacudiria o undo eclesiástico, formado apenas por homens, apesar de dois terços dos religiosos do mundo serem mulheres.
Na Cúria Romana, a máquina da Santa Sé possui apenas três mulheres em cargos elevados, mas nenhuma com posto de responsabilidade.