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Tensão racial na África do Sul tem casas queimadas e agressões

Os incidentes ocorreram após um tribunal conceber liberdade a dois granjeiros brancos acusados do assassinato de um menor negro

África do Sul: um grande dispositivo policial apoiado por guardas de segurança privado tentam manter a ordem (Julian Finney/Getty Images)

África do Sul: um grande dispositivo policial apoiado por guardas de segurança privado tentam manter a ordem (Julian Finney/Getty Images)

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EFE

Publicado em 8 de maio de 2017 às 11h25.

Joanesburgo - Pelo menos três casas foram incendiadas e vários jornalistas foram agredidos nesta segunda-feira por granjeiros em uma nova jornada de tensão racial na cidade de Coligny, na África do Sul.

Os incidentes ocorreram após um tribunal local conceber liberdade, mediante pagamento de fiança, a dois granjeiros brancos acusados do assassinato de um menor negro de 16 anos que foi acusado de roubar uma de suas plantações de girassóis, informam meios locais.

Após a sentença, um grupo de moradores do antigo gueto que circunda a cidade se dirigiu a propriedades de pertencente a brancos e atearam fogo.

Uma mulher foi retirada aparentemente inconsciente de uma das propriedades queimadas.

Estes moradores se concentraram depois na entrada do antigo gueto, onde acenderam fogueiras e ameaçaram destruir comércios, edifícios e veículos na cidade de Coligny, que já viveu graves distúrbios em 26 de abril após a polícia deter os dois granjeiros.

Um grande dispositivo policial apoiado por guardas de segurança privado tentam manter a ordem, enquanto os granjeiros em caminhonetes também patrulham a zona perante possíveis ataques a suas propriedades.

Segundo os dois acusados, que têm 26 e 34 anos, o menor morreu ao saltar de sua caminhonete enquanto era levado para uma delegacia, onde seria denunciado.

Já os moradores do gueto acusam os granjeiros de "racismo" e denunciam as humilhações sistemáticas que sofrem por parte da população branca, majoritariamente afrikaners e que possui boa parte dos negócios, fazendas e plantações nas zonas rurais sul-africanas.

O menor foi enterrado ontem em um funeral com marcadas conotações políticas, que contou com a participação do presidente da província do Noroeste, Supra Mahumapelo.

"Não há dúvidas de que perdeu a vida. em mãos de sul-africanos que eram afrikaners", disse Mahumapelo, que acusou de "racismo" centenas de moradores brancos que assinaram uma petição para pedir a liberdade dos dois granjeiros acusados do crime.

"Não sou racista, mas não gosto da superioridade branca", acrescentou Mahumapelo.

Vinte e três anos depois do final do Apartheid, a tensão racial entre brancos e negros e mestiços continua viva nas zonas rurais agrícolas da África do Sul, onde boa parte da população negra acusa os proprietários de terra brancos de explodir e maltratar os trabalhadores.

Ao mesmo tempo, os granjeiros são vítimas frequentemente de brutais roubos com violência, que organizações afrikaners atribuem a motivações raciais e causaram no ano passado 70 mortes na África do Sul.

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