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Tensão entre EUA e Arábia Saudita não deve afetar negócios

Segundo empresário e economistas, frustração saudita com o aliado na política do Oriente Médio não irá prejudicar os negócios entre os dois


	Plataforma de petróleo: maior exportador de petróleo do mundo e seu maior consumidor mantêm estreitos laços econômicos há décadas
 (Yuriko Nakao/Bloomberg)

Plataforma de petróleo: maior exportador de petróleo do mundo e seu maior consumidor mantêm estreitos laços econômicos há décadas (Yuriko Nakao/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 23 de outubro de 2013 às 16h06.

Riad - A frustração da Arábia Saudita com o aliado Estados Unidos na política do Oriente Médio não irá prejudicar os negócios entre os dois países ou as vendas de petróleo, apesar da ameaça feita pelo chefe da inteligência saudita de uma "grande mudança" nas relações, disseram empresários e economistas.

O príncipe Bandar bin Sultan, chefe da inteligência saudita, alertou diplomatas europeus, na semana passada, que acordos na área de energia e defesa poderiam ser afetados por causa de divergências sobre o conflito na Síria e outras questões, disse uma fonte saudita.

Apesar de contratos ocasionalmente serem usados ​​para fortalecer as relações políticas, particularmente na defesa, economistas e empresários afirmam que os negócios entre empresas dos EUA e da Arábia são geralmente imunes aos pontos baixos no relacionamento.

"Eu não acho que haja ligação direta entre o comércio e as relações políticas. Não é assim que os sauditas agem. Mas também é verdade que quando o relacionamento bilateral é bom, isso ajuda", disse uma fonte diplomática do Golfo Pérsico.

Os Estados Unidos são os principais fornecedores de equipamentos militares para os sauditas, de caças F-15 a sistemas de controle e de comando, no valor de dezenas de bilhões de dólares, e corporações norte-americanas conquistaram grandes contratos na área de energia nos últimos anos.

O maior exportador de petróleo do mundo e seu maior consumidor mantêm estreitos laços econômicos há décadas, período em que as empresas norte-americanas do setor de construção fizeram boa parte das obras de infraestrutura da moderna Arábia Saudita, após o boom do petróleo na década de 1970.


A maioria dos jovens príncipes sauditas foi educada nos Estados Unidos, bem como executivos de negócios do reino, altos funcionários e membros do governo, incluindo os ministros do Petróleo, Finanças, Economia e Educação, e também o presidente do Banco Central.

"Quando você ouve um Bandar ameaçador, isso não significa que vamos vender nossos títulos do Tesouro (dos EUA) ou interromper os contratos militares. Isso não vai acontecer. Estamos falando de um relacionamento e uma aliança que remonta a 60 anos. Mas o que eles estão fazendo é dizer: 'ei, acordem, não deem tudo como certo", disse um empresário saudita que não quis ser identificado.

Ao longo das décadas, a Arábia Saudita bombeou os lucros da venda de energia, com frequência feitas para os Estados Unidos, de volta para a economia norte-americana, comprando seus produtos e serviços e investindo em títulos da dívida pública.

O riyal, moeda da Arábia Saudita, está atrelado ao dólar com a mesma taxa (1 dólar equivale a 3,75 riyals) há muitos anos, e parte das divisas estrangeiras do reino, de 690 bilhões de dólares, está em títulos do Tesouro dos EUA.

Como resultado, o comércio tem crescido, com os produtos norte-americanos e exportações de serviços para a Arábia Saudita atingindo 17 bilhões de dólares em 2011, e o investimento direto dos EUA no reino chegando a 8 bilhões de dólares em 2010.

"As relações comerciais, nas vendas ou petróleo, não serão afetadas de modo algum. A Arábia manteve relações políticas ruins com muitos países e continuou a negociar com eles. Essa é apenas uma disputa política e não significa que irá afetar o setor privado ou empresas públicas", disse uma autoridade da Arábia Saudita.

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