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Temendo invasão, moradores de Gaza armazenam mantimentos

Temendo ofensiva isarelenese, moradores começam a se precaver contra um possível desabastecimento de todo tipo de mantimentos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2012 às 11h21.

Beit Lahia (Gaza) - A população da Faixa de Gaza começou a armazenar alimentos e combustível neste sábado perante o temor de uma possível incursão terrestre israelense que a deixe ainda mais isolada e desabastecida, quando a ofensiva militar 'Pilar Defensivo' entrou em seu quarto dia com um saldo de 39 mortes.

Desde a primeira hora da manhã, longas filas de carros e de pedestres carregados com garrafas e vasilhas se acumulavam nos postos de gasolina que tinham recebido combustível, perante a preocupação de muitos que talvez amanhã não haja onde comprá-lo.

Os bombardeios noturnos da aviação israelense contra a área de Rafah, no sul da Faixa e onde estão os túneis que conectam o território com o Egito - pelos quais entra grande quantidade de produtos - fizeram a população temer que nos próximos dias possa haver um desabastecimento geral.

'Precisamos de gasolina para o gerador, para poder bombear a água ao tanque do telhado e ter água corrente', disse à Agência Efe Basil al Hosundar, de 32 anos.

Sua casa não tinha eletricidade nesta manhã, mas Basil espera poder encher a vasilha de 20 litros que lhe permitirá usar o gerador elétrico durante os próximos dois dias.

'É preciso preparar-se, porque o pior ainda não começou', acrescentou Basil, convencido de que 'a resistência tem que seguir disparando foguetes contra Israel porque, como diz o ditado, olho por olho...'.

O funcionário de um posto de gasolina de Gaza, Osama Abu Shabak, trabalha incessantemente desde a noite passada e teme não poder abastecer todos que necessitam.

'Já não temos diesel, só gasolina. Despachamos 13 mil litros em duas horas. Não paramos. Agora nos chegaram 10 mil litros, mas em duas horas já não restará mais nada', declarou à Efe.

As padarias e mercados são outros dos poucos lugares movimentados nas ruas de Gaza.

Na fábrica de pão da rua Al Nasser, uma fila de homens esperava pacientemente em uma porta enquanto, pela outra, saíam os clientes com duas bolsas cheias.

'Tenho que comprar muito pão porque temos a casa cheia. Normalmente somos 12 e agora, com essa situação, estamos em 30, porque vieram todos os parentes que vivem perto da fronteira ou em bairros perigosos', contou o jovem Mohamad Surur.

O dono do negócio, Teddy Shehada, afirmou que mantém o preço do pão igual que o resto do ano e que só vende duas bolsas por pessoa para assegurar que todo mundo consiga armazenar alimentos.


'Não queremos parar a produção, não podemos fazer isso. Mas agora não estamos fazendo sobremesas nem bolos, somente pão. As pessoas temem que amanhã não haverá nem pão. Temos que servir-lhes, não podemos fechar', ressaltou.

O forno trabalhava em 100% de sua capacidade e teve que começar a trabalhar tarde porque muitos de seus empregados chegaram atrasados devido aos bombardeios israelenses e a sensação de insegurança.

As farmácias são outro dos pontos de concentração da população. Em Beit Lahia, o farmacêutico Ahmed Farajeal garante: 'Muita gente veio comprar material de primeiros socorros e doentes como os diabéticos ou os que têm problemas de pressão sanguínea vieram fazer provisão de seus remédios'.

Nesta cidade ao norte da Faixa 'a situação durante a noite foi muito difícil', sustentou Rasha, de 24 anos, secretária do hospital Kamal Odwan.

'Não pudemos dormir com o barulho das bombas. As crianças estão muito nervosas, não dormem, hoje estão todos na rua. Têm muito medo, pela noite há vezes em que sentimos que toda a casa vai cair', explicou.

E acrescentou: 'Confio em nossos homens e espero que consigam algo nesta guerra'.

As ruas de Beit Lahia e da adjacente Jabalya estão cheias de lixo, que não foi recolhido nos últimos quatro dias e é possível ver várias bandeiras verdes com o símbolo do Hamas.

As escolas permanecem fechadas em toda Gaza, da mesma forma que as lojas, com exceção de algumas de alimentos, de tabaco e oficinas de carros.

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