França: as forças de segurança e os serviços secretos franceses estão mais mobilizados do que nunca (REUTERS/Yves Herman)
Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2016 às 15h35.
O temor de um atentado durante a Eurocopa, que a partir de sexta-feira levará milhões de torcedores à França, mantém em vigília os serviços de segurança.
As forças de segurança e os serviços secretos franceses estão mais mobilizados do que nunca, meses depois dos atentados de extremistas que deixaram 130 mortos em 13 de novembro, em Paris.
"Nós nos preparamos da melhor forma possível", disse à AFP um encarregado da luta antiterrorista, sob a condição de ter sua identidade preservada.
"Todo mundo está mobilizado, a polícia, guarda civil, militares. O único problema é a ameaça. E sobre esse tema, sinceramente, estou preocupado".
"O que mais tememos são as pessoas que já estão aqui, na Europa. E a priori, esse é o caso", acrescentou.
"Pessoas, por exemplo, que estão na Alemanha, que não vimos passar, que os alemães não localizaram e que desde então aguardam pacientemente. Restabelecemos algumas fronteiras, mas não há como saber, as fronteiras são incontroláveis", afirmou.
"A ameaça existe"
Em 13 de maio, a milhares de quilômetros da França, homens armados atacaram um café na cidade iraquiana de Balad, um ponto de encontro dos torcedores do Real Madri.
O balanço deste atentado, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI), que em seguida atacou as forças de segurança, foi de ao menos 16 mortos.
"É uma mensagem direta" para a Eurocopa, estimou este mesmo funcionário. "Talvez tenha sido para nos assustar, e conseguiram".
Existe um consenso de que a França seja um alvo, inclusive agora é o alvo número um do grupo Estado Islâmico. "Sabemos que o EI planeja novos ataques, e França está na mira", declarou reticente o diretor-geral de Segurança Interior (DGSI), Patrick Calvar.
"A ameaça existe" mas "não podemos nos impressionar", disse no domingo o presidente francês, François Hollande.
Na segunda-feira, os serviços secretos ucranianos informaram sobre a prisão, em maio, de um francês que preparava 15 atentados na França durante a Eurocopa (10 de junho - 10 de julho).
O francês detido confessou aos serviços secretos ucranianos (SBU) sua oposição "à política de seu governo sobre a chegada massiva de estrangeiros à França, a difusão do islamismo e a globalização". Entre seus alvos estavam mesquitas, sinagogas e centros fiscais.
Estádios e "fan zones" sob alerta
Na semana passada, o departamento de Estado americano lançou uma advertência: "os estádios da Eurocopa, as 'fan zones' e todos os lugares onde serão transmitidos o torneio na França e na Europa são potenciais alvos para terroristas".
Os estádios e os espaços de acolhidas os torcedores serão vigiados de perto.
Mas os ataques de Paris em novembro, onde os atiradores abriram fogo indiscriminadamente contra civis que estavam em bares e restaurantes, mostraram que este tipo de ataque tem um impacto de terror idêntico, ou até superior.
Se atacarem um bar cheio de gente, estarão golpeando simbolicamente a Eurocopa.
"Não há nada mais fácil do que organizar um atentado (...) Sair em um veículo e disparar contra a multidão, é algo que muita gente pode fazer", disse recentemente à AFP o diretor do instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS), Pascal Boniface.
"E se o EI reivindicar e anunciar outros (ataques), todo mundo irá embora. De toda forma, como poderíamos continuar com o campeonato se ao mesmo tempo enterramos os mortos?", se perguntou um alto responsável terrorista.