Mundo

Técnicos europeus e do FMI iniciam resgate de Portugal

Técnicos já chegaram ao país para analisar o pedido de ajuda financeira; para imprensa portugeusa, país está humilhado

Sede do BCE: previsão é que ajuda fique  próxima aos € 80 bilhões (Daniel Roland/AFP)

Sede do BCE: previsão é que ajuda fique próxima aos € 80 bilhões (Daniel Roland/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de abril de 2011 às 16h22.

Lisboa - Especialistas da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) começaram a trabalhar nesta terça-feira, em Lisboa, na missão de avaliação técnica, anterior às negociações políticas que definirão o montante e as condições da ajuda internacional a Portugal.

"Vamos iniciar discussões muito técnicas sobre um amplo conjunto de temas", afirmou à imprensa um especialista do BCE ao chegar à sede do Ministério das Finanças português.

Anteriormente, um porta-voz da delegação da Comissão Europeia em Portugal tinha indicado que seriam realizadas reuniões "entre as três equipes para definir o programa" da missão.

A chegada a Portugal dos especialistas europeus e, sobretudo do FMI, 28 anos depois da última intervenção do fundo no país, teve destaque na imprensa e na maioria dos editoriais que falavam em uma "humilhação".

"A equipe que chega hoje a Lisboa, do FMI, do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia, vem consagrar nosso fracasso. Cada aterrissagem de avião será um golpe no nosso orgulho, na nossa autonomia, na nossa autodeterminação", escreveu o diretor do Jornal de Negócios, Pedro Santos Guerreiro.

"Hoje o país foi humilhado", continuou seu editorial, enquanto o Diário de Notícias dava a manchete "Portugal de joelhos".

Segundo o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, o plano de resgate financeiro de Portugal seria de "cerca de 80 bilhões de euros".

Portugal é o terceiro país da zona do euro, depois de Grécia e Irlanda, a pedir ajuda financeira para evitar a quebra devido a seus problemas de déficit orçamentário e dívida pública.

Para Portugal, é indispensável conseguir um acordo para meados de maio, já que o Estado tem dívidas com vencimento em 15 de junho de cerca de 5 bilhões de euros, montante que dificilmente conseguirá nos mercados devido a taxas de juros proibitivas exigidas pelos investidores.

Portugal afundou em uma crise política desde a renúncia, em 23 de março do primeiro-ministro socialista José Sócrates, devido à rejeição no Parlamento de um novo plano de austeridade apresentado por seu governo.

O país realizará eleições legislativas antecipadas em 5 de junho.

O plano do governo socialista, que prevê levar o déficit público a 4,6% do PIB em 2011, a 3% em 2012 e a 2% em 2013, será de todas as formas o "ponto de partida" das negociações, afirmaram na sexta-feira os ministros europeus de Finanças reunidos em Godollo (Hungria).

Sem questionar a necessidade das medidas de austeridade ou reformas, o líder da oposição de centro-direita, Pedro Passos Coelho, favorito para suceder Sócrates, criticou a legitimidade do "governo de gestão" para negociar um plano de médio prazo.

Acompanhe tudo sobre:EuropaFMIPiigsPortugalUnião Europeia

Mais de Mundo

Há comida nos mercados, mas ninguém tem dinheiro para comprar, diz candidata barrada na Venezuela

Companhias aéreas retomam gradualmente os serviços após apagão cibernético

Radiografia de cachorro está entre indícios de esquema de fraude em pensões na Argentina

Trump conversa com Zelensky e promete "negociação" e "fim da guerra" na Ucrânia

Mais na Exame