Anutin Charnvirakul assumiu o cargo de primeiro-ministro em 7 de setembro (Lillian Suwanrumpha/AFP)
Repórter
Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 16h00.
O primeiro-ministro da Tailândia, Anutin Charnvirakul, dissolveu o Parlamento nesta sexta-feira, 12, após três meses no cargo.
A medida ocorre antes do previsto e abre caminho para a realização de eleições gerais. De acordo com a lei tailandesa, as eleições devem ser realizadas entre 45 e 60 dias após a dissolução do Parlamento, ou seja, poderiam ser realizadas no final de janeiro ou início de fevereiro de 2026.
"A Câmara dos Representantes está sendo dissolvida para a realização de novas eleições gerais para escolher seus membros", afirma o decreto publicado no Diário Oficial.
Segundo o decreto a medida foi tomada devido aos "múltiplos desafios" enfrentados pelo governo minoritário, que é incapaz de administrar os assuntos de Estado de forma eficiente e estável.
Anutin, do partido conservador Bhumjaithai, tornou-se primeiro-ministro em setembro, depois que seu antecessor foi destituído do cargo pela Justiça devido a uma violação ética, e prometeu dissolver o Parlamento no início deste ano.
A dissolução ocorre em meio a confrontos com o país vizinho Camboja decorrentes de uma disputa antiga sobre templos, territórios e demais motivos culturais que voltaram a eclodir na fronteira entre os países. Essas pautas continuam a abastecer narrativas nacionalistas e políticas em ambos os países.
Os conflitos, que originalmente escalaram em julho desse ano, recentemente retomaram sua intensidade após uma curta trégua patrocinada por Donald Trump.
Anutin foi eleito em setembro após fechar um acordo com o Partido Popular, de oposição
Em troca do apoio da oposição, que é maioria no parlamento, o primeiro-ministro prometeu que iniciaria um processo de alteração da Constituição, escrita durante um regime militar e vista como não democrática.
Além disso, ele prometeu dissolver o parlamento em janeiro.
Porém, tensões políticas dentro do parlamento e problemas com a legislatura no processo de edição resultaram em acusações do Partido Popular de que Anutin teria renegado o acordo.
Enfrentando o risco de ser destituído em um voto de desconfiança, Anutin dissolveu o parlamento.
Ao dissolver o parlamento e propor eleições relâmpago enquanto há um conflito na fronteira, Anutin, ao apoiar as forças armadas, pode capitalizar o sentimento patriótico em meio ao conflito e assegurar o apoio de generais nacionalistas de ampla influência política.
Até que uma nova administração seja formada nas eleições, que provavelmente ocorrerão no começo de fevereiro, o governo de Anutin continuará no cargo, de modo provisório.
No total, são 500 assentos no Congresso. Desses, 400 são assentos eleitorais destinados a representantes dos diversos distritos da Tailândia, e 100 serão distribuídos com base em listas partidárias.
Cada partido poderá indicar até três candidatos representantes.
Negociações para formar a nova administração geralmente começam no dia da eleição, após terem sido anunciados os resultados preliminares, com os vencedores e a oposição já manobrando para formar alianças. As autoridades eleitorais têm até 60 dias para confirmar os resultados.
Em seguida, haverá debates para eleger um novo primeiro-ministro. Qualquer partido com ao menos 25 assentos poderá indicar um candidato, que precisa conseguir o apoio de mais da metade do parlamento para ser eleito.
Com informações da AFP