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Suspeito de atentados em Boston começa a responder perguntas

Hospitalizado em estado grave, Dzhokhar Tsarnaev recuperou a consciência e começou a responder, por escrito, a perguntas dos investigadores


	Peritos buscam provas no local dos atentados: os investigadores questionam sobre outros membros potenciais de células terroristas ou outros planos de explosões
 (Kevork Djansezian/AFP)

Peritos buscam provas no local dos atentados: os investigadores questionam sobre outros membros potenciais de células terroristas ou outros planos de explosões (Kevork Djansezian/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2013 às 12h49.

Boston - O suspeito das explosões em Boston Dzhokhar Tsarnaev, hospitalizado em estado grave, recuperou a consciência e começou a responder, por escrito, a perguntas dos investigadores, na noite deste domingo, informaram autoridades, em meio às dúvidas em torno da situação jurídica do jovem de origem chechena.

O FBI, por sua vez, se encontra sob o foco das críticas pela falta de vigilância sobre a radicalização do irmão mais velho de Dzhokhar, Tamerlan, que, segundo uma fonte das forças de ordem da república do Daguestão, chegou a chamar repetidas vezes a atenção dos serviços de segurança locais.

O jovem de 19 anos, hospitalizado após uma perseguição que durou 24 horas, é suspeito de ser o autor com seu irmão mais velho, morto em um tiroteio com a polícia, dos dois atentados durante a Maratona de Boston em 15 de abril.

Mas, poucas horas depois de sua prisão, ele não estava em condições de ser interrogado pelos policiais antiterrorismo treinados para interrogar detidos perigosos, indicou à AFP um funcionário da força de ordem.

No entanto, segundo a imprensa americana, ele recuperou a consciência domingo à noite.

O canal NBC News, que citou fontes da investigação federal, informou que, apesar de uma lesão na garganta que o impede de falar, o jovem de 19 anos estava começando a responder as perguntas dos investigadores.

A ABC News afirmou que Tsarnaev estava respondendo "esporadicamente por escrito" e que os investigadores questionam sobre outros membros potenciais de células terroristas ou outros planos de explosões.


O chefe da polícia de Boston, Ed Davis, declarou no domingo à CBS que os irmãos Tsarnaev estavam equipados para cometer outro ataque com "dispositivos explosivos artesanais", incluindo "granadas caseiras que foram lançadas contra a polícia".

De acordo com a CNN, o jovem americano de origem chechena está "entubado e sedado". Já a CBS, citando investigadores, informou que ele foi atingido em dois lugares e havia perdido muito sangue.

Referindo-se a uma lesão no pescoço, os investigadores têm especulado que ele pode ter tentado cometer suicídio, atirando em sua própria boca, segundo o canal.

Dzhokhar Tsarnev é tratado no mesmo hospital que as vítimas do duplo atentado durante a maratona, que deixou três pessoas mortas e cerca de 180 feridos. Continuam hospitalizadas 57 vítimas, incluindo duas em estado grave, segundo a CNN.

Para obter o máximo de informações, em especial para saber se os irmãos Tsarnaev agiram sozinhos ou receberam apoio, os investigadores vão retirar a "exceção da segurança pública" para interrogar Dzhokhar Tsarnaev.

Desta forma, por alguns dias, ele não beneficiará dos chamados direitos de Miranda, que preveem o direito de permanecer em silêncio e de ser assistido por um advogado durante o interrogatório.

Vários senadores republicanos não hesitaram em afirmar que Dzhokhar Tsarnaev, apesar de sua cidadania americana, deve ser designado como um "combatente inimigo".

Este estatuto, comum aos presos de Guantánamo, prevê que uma pessoa pode ser detida indefinidamente sem julgamento ou ser julgado por um tribunal militar.

Enquanto isso, os investigadores se concentram na viagem de seu irmão Tamerlan, de 26 anos, ao Daguestão e à Chechênia, no Cáucaso russo.


Nesta segunda-feira, o pai de dois jovens, Anzor, que vive no Daguestão, defendeu a inocência dos filhos, dizendo em uma entrevista a um jornal russo que Tamerlan só queria voltar a viver com sua família.

"É verdade que Tamerlan tornou-se muito religioso após o casamento e ia à mesquita toda sexta-feira. (...) Mas era um bom muçulmano e não poderia fazer o que ele é acusado de ter feito", declarou Anzor Tsarnaev. No ano passado, "ele viajou apenas para visitar familiares", acrescentou.

As autoridades russas pediram ao FBI em 2012 para investigar Tamerlan, com base "em informações de que ele era um defensor do Islã radical e um fiel fervoroso, e que ele mudou drasticamente em 2010", reconheceu o serviço secreto americano, que por não encontrar pistas incriminadoras relaxou sua vigilância.

Uma fonte das forças de ordem do Daguestão afirmou que Tamerlan Tsarnaev chamou repetidas vezes a atenção dos serviços de segurança dessa república.

"Tamerlan Tsarnaiev permaneceu aqui por cinco meses e 13 dias em 2012", declarou esta fonte dos órgãos de segurança, ligada ao serviço de luta contra o terrorismo.

Durante este período, "esteve pelo menos quatro vezes na mira de nosso serviço", indicou a fonte, que pediu anonimato.

"Nós vigiávamos um outro jovem, que era suspeito de ter ligações com uma comunidade islâmica clandestina, e que foi visto na companhia de Tamerlan. Mas, então, o jovem saiu do campo de visão das forças de segurança e também não vimos mais Tamerlan", precisou.

"Nada foi encontrado que pudesse justificar uma prisão ou acusação", acrescentou a fonte.

O FBI tem sido alvo de críticas por não ter continuado a acompanhar o jovem quando este retornou a Boston em julho de 2012.

"Há muitas perguntas que merecem respostas", declarou o senador Charles Schumer. "Por que ele não foi interrogado em seu retorno? E o que aconteceu na Chechênia para que se tornasse radical?"

Para Lindsay Graham, "o FBI deixou passar" elementos que poderiam alertar sobre sua radicalização. "Ele visitava sites que falam sobre matar americanos (...) claramente emitia ideias radicais, ele visitou regiões de radicalismo" islâmico, listou.

As autoridades russas indicaram no domingo que não encontraram nenhuma ligação entre os irmãos Tsarnaev e a rebelião no Cáucaso.

O comando da rebelião no Daguestão disse, por sua vez, em em um comunicado que os rebeldes caucasianos "não realizam operações militares contra os Estados Unidos da América."

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