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Submarino dos EUA responde a navios de guerra russos em Cuba

Manobras militares elevam temperatura na região do Caribe e colocam em alerta autoridades mundiais

Navios russos chegaram em Cuba na semana passada. (YAMIL LAGE/Getty Images)

Navios russos chegaram em Cuba na semana passada. (YAMIL LAGE/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 14 de junho de 2024 às 10h44.

Última atualização em 15 de junho de 2024 às 11h40.

Um submarino nuclear dos Estados Unidos, o USS Helena, chegou à Baía de Guantánamo em Cuba na quinta-feira, 13, em uma aparente resposta à presença de navios de guerra russos na região. A frota russa, composta por uma fragata, um submarino nuclear, um petroleiro e um rebocador de resgate, atracou em Havana um dia antes após realizar exercícios no Oceano Atlântico. As informações são da AP.

O Comando Sul dos EUA classificou a parada do USS Helena como uma "visita rotineira de porto", enquanto o submarino segue viagem pela região. No entanto, a presença de ambas as frotas militares no Caribe, em um momento de elevada tensão entre as nações, acende os ânimos e coloca as autoridades em alerta.

Apesar de oficiais do Pentágono minimizarem a ameaça representada pelos exercícios russos, afirmando que são manobras já realizadas anteriormente, o contexto geopolítico torna o cenário preocupante. As manobras ocorrem menos de duas semanas após o presidente Joe Biden autorizar a Ucrânia a usar armas fornecidas pelos EUA em ataques dentro do território russo, em defesa da cidade de Kharkiv. Em resposta, o presidente russo, Vladimir Putin, mencionou a possibilidade de "ações assimétricas" por parte da Rússia em outras regiões.

Incursão militar

Analistas acreditam que a movimentação dos navios russos pode ser parte de um exercício naval global mais amplo, com escalas em outros países aliados, como Venezuela. A Rússia possui um histórico de incursões militares no Caribe, com navios de guerra e aeronaves frequentemente presentes na região.

Em 2008, um grupo de embarcações russas atracou em águas cubanas, marcando a primeira visita do tipo em quase duas décadas, segundo a mídia estatal russa. Mais recentemente, em 2015, um navio de reconhecimento e comunicações russo chegou a Havana sem aviso prévio, um dia antes do início de conversas entre os EUA e Cuba para a reabertura das relações diplomáticas.

O aumento da tensão entre as potências gera preocupação em diversos setores, e autoridades dos EUA monitoram de perto as manobras militares na região, buscando evitar que evoluam para ameaças diretas à segurança nacional.

Crise da Baía dos Porcos

Durante a Guerra Fria, as relações entre os Estados Unidos e a União Soviética foram marcadas por uma intensa rivalidade geopolítica e ideológica. Cuba tornou-se um ponto crítico nesta disputa após a Revolução Cubana de 1959, que levou Fidel Castro ao poder e alinhou a ilha com a União Soviética.

A Crise da Baía dos Porcos, em abril de 1961, foi uma tentativa fracassada de invasão de Cuba por exilados cubanos apoiados pelos EUA, com o objetivo de derrubar o governo de Castro. Este evento, juntamente com a Crise dos Mísseis em Cuba de 1962, que envolveu a instalação de mísseis nucleares soviéticos na ilha, evidenciou a tensão extrema e o potencial de conflito nuclear entre as duas superpotências.

A presença de navios de guerra russos em Cuba, como mencionado no texto, ecoa os tempos da Guerra Fria, onde a proximidade militar soviética ao território dos EUA aumentava significativamente as tensões. A "amizade histórica" mencionada no comunicado cubano remonta a este período, quando Cuba e a União Soviética formaram uma aliança estratégica contra a influência americana no hemisfério ocidental.

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