Sociedade civil recomenda regulamentação da pesca
“Estamos tirando do mar mais peixes do que precisamos”, alertou Jean-Michel Cousteau oceanógrafo e presidente da Ocean Futures Society
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2012 às 16h44.
Rio de Janeiro - Oceanos foi o tema do último debate que encerrou a série de discussões dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, em que a sociedade civil foi convidada para formular 30 recomendações a serem entregues aos líderes de Estado presentes na Rio+20 .
Os oceanos estão aquecendo. A água está ficando mais ácida. Espécies marinhas estão desaparecendo. Há cada vez mais plástico poluindo e matando a vida costeira. A cada ano 100 milhões de novos habitantes do planeta colocam mais pressão sobre os oceanos. Isto tudo é fato.
“Eu venho de um planeta com menos emissão de gases, apenas dois bilhões de habitantes, corais intactos, água mais limpa e muitos peixes e baleias”, lembrouSylvia Earle, fundadora da Mission Blue Foundation, ao falar sobre o tempo em que era uma criança. “As coisas não estão melhorando”, reforçou Jean-Michel Cousteau, oceanógrafo e presidente da Ocean Futures Society.
O quadro é alarmante, segundo os especialistas. “Estamos vendo mudanças muito rápidas e somos os causadores”, afirma Sylvia. “Na Eco92 achávamos que o oceano era infinito e conseguiríamos absorver tudo o que jogássemos nele”. Desde a última conferência realizada no Rio de Janeiro, houve um aumento de 10 bilhões de toneladas nas emissões de CO2. 1/3 desses gases são absorvidos pelos oceanos.
O homem usa o mar como fonte de matérias primas importantes e depois de usá-las, joga as sobras – poluentes, na água. Entretanto, os oceanos, assim como outros elementos da natureza, estão entre as bases da economia atual. A grande preocupação é que o oceano entre em falência.
“Estamos tirando do mar mais peixes do que precisamos”, alertou Cousteau. Dados divulgados pelo pesquisador Rashid Sumaila, da Universidade British Columbia, revelam que a má gestão dos recursos pesqueiros gera uma perda anual de 20 milhões de toneladas de peixes.
“Esse é o momento. Talvez nunca mais tenhamos um igual”, conclamou Sylvia Earle. “Essa oportunidade da Rio+20 não tem volta”, concordou o brasileiro Segen Farid Estefen, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Um passo muito importante, sem dúvida, foi o tema “Oceanos” ter sido incluído na agenda da conferência.
Entre as recomendações escolhidas pelo público e pelos palestrantes está a regulamentação da pesca. Além do aumento significativo e comprovado da atividade de navegação nas últimas décadas, a pesca predatória e ilegal ainda continua a ser praticada em muitos países.
Arthur Bogason, pescador islandês e ativista ambiental, defendeu o uso das pequenas embarcações. Segundo ele, os barcos menores consomem menos combustível, têm menor impacto na costa e utilizam métodos de pesca menos agressivos, além de beneficiarem a economia das comunidades locais.
Jean Michel-Cousteau deu exemplos de práticas sustentáveis que têm apresentado bons resultados, como a produção de peixes em fazendas fechadas e especialmente nas regiões onde há maior demanda de consumo para evitar gastos e emissões com o transporte do produto. As comunidades pesqueiras também precisam estar envolvidas nas discussões e procedimentos que serão adotados, dessa maneira deixam de ser marginalizadas econômica e socialmente.
Outro ponto acordado para as recomendações foi sobre a proteção do mares. Atualmente apenas 1% dos oceanos é protegido. “Alto mar é a última fronteira que precisamos defender”, disse Robin Mahon, professor da University of West Indies. O acadêmico defende a colaboração científica internacional para resolver problemas como a acidificação dos oceanos. Ferramentas digitais também devem ser usadas para definir estratégias e mensurar resultados.
Para Cousteau, a meta deve ser proteger pelo menos 20% das águas abertas. “Nós não herdamos a terra e os oceanos, simplesmente os pegamos emprestado dos nossos filhos. Nossa obrigação é entregá-los de volta limpos e intactos”, declarou o especialista indiano Shaj Thayil.
Rio de Janeiro - Oceanos foi o tema do último debate que encerrou a série de discussões dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, em que a sociedade civil foi convidada para formular 30 recomendações a serem entregues aos líderes de Estado presentes na Rio+20 .
Os oceanos estão aquecendo. A água está ficando mais ácida. Espécies marinhas estão desaparecendo. Há cada vez mais plástico poluindo e matando a vida costeira. A cada ano 100 milhões de novos habitantes do planeta colocam mais pressão sobre os oceanos. Isto tudo é fato.
“Eu venho de um planeta com menos emissão de gases, apenas dois bilhões de habitantes, corais intactos, água mais limpa e muitos peixes e baleias”, lembrouSylvia Earle, fundadora da Mission Blue Foundation, ao falar sobre o tempo em que era uma criança. “As coisas não estão melhorando”, reforçou Jean-Michel Cousteau, oceanógrafo e presidente da Ocean Futures Society.
O quadro é alarmante, segundo os especialistas. “Estamos vendo mudanças muito rápidas e somos os causadores”, afirma Sylvia. “Na Eco92 achávamos que o oceano era infinito e conseguiríamos absorver tudo o que jogássemos nele”. Desde a última conferência realizada no Rio de Janeiro, houve um aumento de 10 bilhões de toneladas nas emissões de CO2. 1/3 desses gases são absorvidos pelos oceanos.
O homem usa o mar como fonte de matérias primas importantes e depois de usá-las, joga as sobras – poluentes, na água. Entretanto, os oceanos, assim como outros elementos da natureza, estão entre as bases da economia atual. A grande preocupação é que o oceano entre em falência.
“Estamos tirando do mar mais peixes do que precisamos”, alertou Cousteau. Dados divulgados pelo pesquisador Rashid Sumaila, da Universidade British Columbia, revelam que a má gestão dos recursos pesqueiros gera uma perda anual de 20 milhões de toneladas de peixes.
“Esse é o momento. Talvez nunca mais tenhamos um igual”, conclamou Sylvia Earle. “Essa oportunidade da Rio+20 não tem volta”, concordou o brasileiro Segen Farid Estefen, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Um passo muito importante, sem dúvida, foi o tema “Oceanos” ter sido incluído na agenda da conferência.
Entre as recomendações escolhidas pelo público e pelos palestrantes está a regulamentação da pesca. Além do aumento significativo e comprovado da atividade de navegação nas últimas décadas, a pesca predatória e ilegal ainda continua a ser praticada em muitos países.
Arthur Bogason, pescador islandês e ativista ambiental, defendeu o uso das pequenas embarcações. Segundo ele, os barcos menores consomem menos combustível, têm menor impacto na costa e utilizam métodos de pesca menos agressivos, além de beneficiarem a economia das comunidades locais.
Jean Michel-Cousteau deu exemplos de práticas sustentáveis que têm apresentado bons resultados, como a produção de peixes em fazendas fechadas e especialmente nas regiões onde há maior demanda de consumo para evitar gastos e emissões com o transporte do produto. As comunidades pesqueiras também precisam estar envolvidas nas discussões e procedimentos que serão adotados, dessa maneira deixam de ser marginalizadas econômica e socialmente.
Outro ponto acordado para as recomendações foi sobre a proteção do mares. Atualmente apenas 1% dos oceanos é protegido. “Alto mar é a última fronteira que precisamos defender”, disse Robin Mahon, professor da University of West Indies. O acadêmico defende a colaboração científica internacional para resolver problemas como a acidificação dos oceanos. Ferramentas digitais também devem ser usadas para definir estratégias e mensurar resultados.
Para Cousteau, a meta deve ser proteger pelo menos 20% das águas abertas. “Nós não herdamos a terra e os oceanos, simplesmente os pegamos emprestado dos nossos filhos. Nossa obrigação é entregá-los de volta limpos e intactos”, declarou o especialista indiano Shaj Thayil.