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Sobe para 8 mil número de etíopes que fogem rumo ao Quênia

Etiópia declarou estado de emergência em 16 de fevereiro, um dia depois do anúncio da renúncia - ainda não efetiva - do primeiro-ministro

Etiópia: após uma série de incidentes violentos e protestos constantes no sul do país, etíopes chegaram ao Quênia (Darrin Zammit Lupi/Reuters)
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EFE

Publicado em 14 de março de 2018 às 17h30.

Nairóbi - O número de etíopes que chegaram ao Quênia nos últimos dias em busca de refúgio subiu para 8,2 mil, segundo informou nesta quarta-feira a coordenadora da Cruz Vermelha queniana no nordeste do país, Talaso Chucha, em declarações reproduzidas pelo jornal "Daily Nation".

A chegada de etíopes, que são auxiliados em centros próximos à fronteira entre ambos os países, começou na noite de sábado, após uma série de incidentes violentos e protestos constantes no sul da Etiópia.

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Os testemunhos de refugiados falam de batidas policiais em casas e mesquitas nas quais os soldados mataram pelo menos 13 pessoas. Até a terça-feira, a Cruz Vermelha informava sobre cinco mil refugiados.

No entanto, os números divulgados pela organização podem não ser precisos porque muitos dos etíopes que chegam estão sendo ajudados por parentes e amigos no Quênia. A maioria dessas pessoas se concentram na cidade fronteiriça de Moyale e na região de Sololo, no norte do Quênia.

"Não há comida, água potável nem alojamento. Ainda não foi registrado nenhum caso, mas não podemos descartar um surto de cólera caso a situação não seja controlada", comentou Chucha.

A Cruz Vermelha queniana ofereceu ajuda humanitária e enviou 15 paramédicos para ajudar os refugiados até agora. O secretário-geral da organização, Abbas Gullet, alertou para "sérios desafios" por causa da vinda da estação de chuvas: "Esperamos e rezamos para que se encontre uma solução", disse.

Nos últimos dias, as forças de segurança da Etiópia admitiram ter assassinado nove civis e ferido outros 12 na cidade de Moyale, situada num ponto estratégico de comércio na fronteira com o Quênia, ao confundi-los com militantes de um grupo opositor separatista considerado terrorista pelo governo de Adis Abeba, a Frente de Liberdade Oromo (OLF).

Além disso, na semana passada outras sete pessoas morreram em incidentes a mãos de forças de segurança.

A Etiópia declarou o estado de emergência no dia 16 de fevereiro, um dia depois do anúncio da renúncia - ainda não efetiva - do primeiro-ministro, Hailemariam Desalegn, com a intenção de acalmar os protestos nas regiões de Amhara e Oromia, mas o efeito foi o inverso e gerou um aumento das mortes de civis a mãos do Exército.

A expectativa é que nesta semana a coalizão governante nomeie um novo líder, que também substituiria Desalegn no poder.

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