A tensão segue no país, já que a Comissão Eleitoral continua sem publicar os resultado da eleição, que deve ser divulgado nesta quinta (Mike Hutchings/Reuters)
EFE
Publicado em 2 de agosto de 2018 às 15h26.
Harare - O número de pessoas vítimas da violência pós-eleitoral no Zimbábue subiu para seis, informou nesta quinta-feira a Polícia, que revelou ainda que 14 cidadãos ficaram feridos.
Em entrevista coletiva em Harare, a subdelegada Charity Charamba indicou que a situação continua tensa na capital do país, após os protestos protagonizados por simpatizantes do partido opositor Movimento pelo Mudança Democrática (MDC) ontem. Os manifestantes, reprimidos pela Polícia e pelo Exército, criticavam a demora no anúncio dos resultados da votação de segunda-feira para presidente e uma suposta fraude contra quem consideram o verdadeiro vencedor, o líder do MDC, Nelson Chamisa.
Aproximadamente, 4 mil militantes do MDC participaram da manifestação, alguns armados com barras de ferro e pedras, de acordo com a Polícia. Ao todo, 26 pessoas foram detidas, 18 delas na sede do MDC, no centro de Harare, uma área fortemente vigiada pelas forças de segurança.
Conforme a imprensa local, os protestos foram reprimidos, primeiro pela Polícia e depois pelo Exército, com canhões de água, gás lacrimogêneo e munição real. Hoje, as ruas da região central da capital continuam com forte presença militar e muitas lojas e bancos estão fechados.
Associações de direitos humanos locais afirmam que caminhões do Exército patrulham as ruas e que os militares repreendem os pedestres e pedem para que voltem para casa. No entanto, George Charamba, porta-voz do presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, disse que a população pode ir às ruas e que deve levar vida normal, ignorando as supostas ordens do Exército.
A tensão segue no país, já que a Comissão Eleitoral (ZEC) continua sem publicar os resultado da eleição. A previsão é de que alguns dados sejam divulgados a partir das 22h (horário local, 17h em Brasília).
Mnangagwa tenta ser reeleito presidente e Chamisa pretende entrar após quase 40 anos da União Nacional Africana do Zimbabwe - Frente Patriótica (ZANU-PF) no poder. Esta eleição é histórica por ser a primeira desde a independência do Zimbábue na qual o ex-presidente Robert Mugabe não concorre. Ele governou o país de 1980 até a renúncia forçada por um golpe militar em novembro do ano passado.