Mundo

Sob pressão para frear ofensivas no Líbano e Gaza, Netanyahu diz que está vencendo guerras

Primeiro-ministro israelense é alvo de pressões opostas de aliados externos e internos, que exigem, respectivamente, um cessar-fogo e uma intensificação dos conflitos

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 27 de setembro de 2024 às 11h39.

Última atualização em 27 de setembro de 2024 às 11h49.

Tudo sobreIsrael
Saiba mais

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o Estado judeu está vencendo a guerra contra seus inimigos locais e ameaçou retaliar qualquer ataque lançado pelo Irã durante o seu discurso na Assembleia Geral da ONU, nesta sexta-feira, 27. Sob pressões opostas de aliados no exterior para reduzir as tensões regionais — incluindo uma proposta franco-americana para uma trégua de 21 dias no Líbano, inicialmente recusada — e de integrantes de sua coalizão de governo para manter a pressão total contra o Hezbollah e o Hamas, Netanyahu justificou as ações militares, culpando Teerã e seus aliados pela escalada regional.

"As milícias do Irã na Síria e no Iraque bombardearam Israel dezenas de vezes no último ano. Abastecidos pelo Irã, terroristas palestinos na Judeia e Samaria [como Israel chama a Cisjordânia] perpetraram vários ataques lá e por Israel", afirmou Netanyahu ao se dirigir à comunidade internacional reunida em Nova York.

"Pela primeira vez, o Irã atacou diretamente Israel a partir do seu próprio território, disparando 300 drones, mísseis de cruzeiro e balísticos contra nós. Eu tenho uma mensagem para os tiranos em Teerã: Se vocês nos atacarem, nós vamos atacar vocês. Não há um lugar no Irã que Israel não possa atingir".

A chegada do primeiro-ministro israelense provocou reações. O presidente da sessão precisou pedir reiteradamente para pessoas que aplaudiam e vaiavam Netanyahu fizessem silêncio. Relatos do local registraram que vários delegados se retiraram da Assembleia Geral da ONU após chegada de Netanyahu — ao se dirigir ao Irã, por exemplo, a delegação de Teerã já havia se retirado.

"Eu não pretendia vir aqui neste ano. Meu país está em guerra, lutando pela sua vida. Mas após ouvir as mentiras e calúnias levantadas por muitos dos porta-vozes neste púlpito, eu decidi vir aqui e esclarecer as coisas", disse Netanyahu, na abertura do seu discurso. "E aqui está a verdade: Israel busca a paz (...).Israel fez a paz e vai fazer a paz de novo".

Recorrendo à narrativa bíblica de Moisés, Netanyahu afirmou que a região poderia ter como desfecho "uma bênção" ou "uma maldição", mesmo termo que usou para se referir ao atentado de 7 de outubro do ano passado, lançado pelo Hamas contra Israel. Momentos depois, o premier sacou um mapa de detrás do púlpito e apresentou o que disse ser a "bênção" para a região, uma integração incluindo Israel, Arábia Saudita, Egito e outros países da região, que se aproximavam antes da crise regional, e o que seria a "maldição", com o aumento da influência e das atividades do chamado Eixo da Resistência chegando cada vez mais perto da Europa.

"Se você pensa que este mapa negro é uma maldição apenas para Israel, se você pensa isso, você deveria pensar de novo. Porque a ameaça do Irã, se não observada, vai colocar em risco cada um dos países do Oriente Médio e vários países ao redor do mundo", afirmou, referindo-se às atividades do Irã pelo mundo e o programa de mísseis do país.

Enquanto o premier discursava no púlpito da ONU, as hostilidades no solo continuavam. As Forças Armadas de Israel (FDI) voltaram a bombardear alvos no Líbano e na Síria na manhã desta sexta-feira.

Autoridades ocidentais, incluindo o presidente americano, Joe Biden, fizeram apelos nos últimos dias para que Israel busque a via diplomática para solucionar suas questões de segurança na fronteira com o Líbano. Embora Washington tenha defendido o direito israelense de se defender, a Casa Branca tenta atuar para uma desescalada, tanto em Gaza quanto no norte, patrocinando a ideia de um cessar-fogo.

Tanto Netanyahu como integrantes da alta-cúpula do governo israelense foram taxativos em rejeitar qualquer acordo na quinta-feira, após a discussão vir a público. A rapidez e a forma da negativa das autoridades surpreendeu as autoridades em Washington. O porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que a crença nos EUA era de que Israel estava de acordo com a proposta, envolvendo três semanas de pausa no conflito.

"Tínhamos todos os motivos para acreditar que, na elaboração e na entrega, os israelenses estavam totalmente informados", disse ele sobre a proposta, em uma entrevista coletiva. "Totalmente informados e totalmente cientes de cada palavra nele. E não teríamos feito isso, como eu disse, se não acreditássemos que seria recebido com a seriedade com que foi composto".

Em uma outra frente diplomática, a Arábia Saudita anunciou na quinta-feira que formou uma aliança global, incluindo vários países árabes e muçulmanos, para pressionar por uma solução para os conflitos regionais, a partir de uma solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino. Fontes sauditas afirmaram que a aliança também incluiria parceiros europeus, mas não especificou quem se comprometeu com a proposta. O chanceler da União Europeia, Josep Borrell, indicou que reuniões teriam sido marcadas para ocorrer em Riad e Bruxelas.

"Implementar a solução de dois Estados é a melhor solução para quebrar o ciclo de conflito e sofrimento e impor uma nova realidade na qual toda a região, incluindo Israel, desfrute de segurança e coexistência", disse o príncipe saudita Faisal bin Farhan Al Saud, chanceler saudita.

Acompanhe tudo sobre:IsraelBenjamin NetanyahuONU

Mais de Mundo

Violência após eleição presidencial deixa mais de 20 mortos em Moçambique

38 pessoas morreram em queda de avião no Azerbaijão, diz autoridade do Cazaquistão

Desi Bouterse, ex-ditador do Suriname e foragido da justiça, morre aos 79 anos

Petro anuncia aumento de 9,54% no salário mínimo na Colômbia