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Snowden diz não esperar perdão de Obama

Snowden é procurado pelos Estados Unidos por ter vazado para a imprensa milhares de documentos confidenciais em 2013

Edward Snowden: ele agora vive exilado na Rússia, onde pediu asilo (Getty images)

Edward Snowden: ele agora vive exilado na Rússia, onde pediu asilo (Getty images)

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AFP

Publicado em 5 de dezembro de 2016 às 14h42.

O ex-analista da Agência de Segurança Nacional americana (NSA, sigla em inglês) Edward Snowden diz não esperar um perdão do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que o pouparia de um panorama mais difícil quando Donald Trump assumir o poder.

"Não estou contando com isso", declarou Snowden em uma entrevista publicada pela Yahoo News nesta segunda-feira.

Snowden é procurado pelos Estados Unidos por ter vazado para a imprensa milhares de documentos confidenciais em 2013, revelando a existência de amplos programas de vigilância de internet adotados após os atentados de 11 de setembro de 2001.

Depois de deixar sua casa no Havaí, ele agora vive exilado na Rússia, onde pediu asilo.

Se tentar voltar aos Estados Unidos, Snowden seria julgado por espionagem e por outras acusações que poderiam deixá-lo por até 30 anos na prisão.

Desde setembro circula uma campanha pedindo o perdão presidencial que ganhou o apoio de personalidades como o financista George Soros e o CEO do Twitter, Jack Dorsey.

A campanha alega que Snowden deve ser recebido em seu país como um herói por ações que beneficiaram a população, já que elas estabeleceram controles aos programas de vigilância americanos e levaram a leis de proteção à privacidade.

Os advogados de Snowden estão tentando conseguir o perdão antes que Obama deixe o cargo, em janeiro, ou alcançar um acordo que o protegeria de passar muito tempo na cadeia.

Traidor

Durante a campanha eleitoral, Trump se pronunciou sobre Snowden: "Acho que ele é um traidor total e eu lidaria duramente com ele".

Snowden afirmou repetidamente que estaria preparado para retornar aos Estados Unidos se pudesse se dirigir a um júri e apresentar as razões que o levaram a agir daquela forma.

Mas isso é negado a ele devido às restrições da Lei de Espionagem sob a qual é acusado.

Questionado na entrevista, que foi conduzida pela jornalista veterana Katie Couric, sobre o que diria a Obama, Snowden admitiu que seu caso colocou o presidente em uma posição difícil.

Mas afirmou ter ficado animado com o comentário de Obama de que Snowden realizou um serviço público ao iniciar um debate sobre as práticas de vigilância nos Estados Unidos.

"Há uma coisa que espero que ele entenda. E acho, com base em suas declarações recentes, que entende. Ele disse que minhas ações, e este jornalismo, levantaram preocupações legítimas", disse Snowden.

O jornalismo está sob ameaça, e as pessoas no governo que sabem o que está acontecendo - "particularmente quando as operações do governo começam a ultrapassar os limites" - são mais importantes do que nunca, acrescentou.

"Quando algo dá errado, não queremos que alguém se levante e diga algo sobre isso?", questionou.

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