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Situação na segunda maior cidade do Iêmen é catastrófica

A Cruz Vermelha fez apelo por trégua imediata para poder entregar ajuda, uma vez que o país importa 90% dos alimentos e suas fronteiras estão fechadas

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2015 às 16h31.

Áden - A situação humanitária em Áden, principal cidade do sul do Iêmen, é "catastrófica", alertou a Cruz Vermelha, que confirmou nesta terça-feira a chegada ao país de um primeiro avião com funcionários da área de saúde.

Os combates prosseguem no país, principalmente no sul, entre os rebeldes xiitas, vinculados ao Irã, e as forças leais ao presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, apoiadas pela Arábia Saudita.

"A situação humanitária no Iêmen é crítica com as rotas navais, aéreas e terrestres cortadas", afirmou a porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Iêmen, Marie Claire Feghali.

Ela recordou que o país importa 90% dos alimentos.

Em Áden a situação é "no mínimo catastrófica", disse, antes de completar: "A guerra em Áden está em cada rua, em cada esquina. Muitos não podem fugir".

A Cruz Vermelha fez um apelo a uma trégua imediata para poder entregar ajuda e confirmou que na segunda-feira um primeiro avião com ajuda pousou em Sanaa.

O avião aterrissou no aeroporto de Sanaa com médicos a bordo, informou outro porta-voz do CICV, Sitara Jabeen.

Pelo menos 540 pessoas morreram e 1.700 ficaram feridas em combates no Iêmen desde 19 de março, anunciou em Genebra a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O balanço vai até 6 de abril, afirmou o porta-voz Christian Lindmeier.

O porta-voz do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Christophe Boulierac, afirmou que pelo menos 74 crianças faleceram e 44 ficaram feridas desde 26 de março, quando começou a ofensiva da coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita para conter o avanço dos rebeldes xiitas no país.

Mas a organização considera que o número de crianças mortas é muito mais elevado.

O Unicef calcula que um milhão de crianças estão impedidas de frequentar a escola no Iêmen em consequência da violência.

Neste sentido, o general Ahmed Assiri, porta-voz da coalizão, declarou que emitirá vistos para que um barco que estava em Djibouti entre no Iêmen.

Desde domingo, os combates no Iêmen, especialmente no sul, deixaram 159 mortos, 63 apenas em Áden, segundo um balanço da AFP com base em diversas fontes.

Os xiitas enfrentam os partidários do presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, exilado na Arábia Saudita. O Iêmen é cenário de bombardeios diários da aviação da coalizão árabe que apoia Hadi.

Bloqueados em Áden

Os 800.000 habitantes de Áden estão bloqueados pelos combates e não têm condições sequer de fugir, segundo a Cruz Vermelha.

"Os corpos ficam abandonados nas rua e ninguém se atreve a retirá-los. A situação é ainda pior nos hospitais", lamentou Feghali.

O porta-voz do Unicef, Boulierac, afirmou que as crianças são "vítimas de armas diretamente ou de consequências indiretas deste conflito", já que a violência afeta as infraestruturas de saúde.

"As crianças deveriam receber proteção imediata", declarou Boulierac, que calcula em 100.000 o número de pessoas deslocadas pela guerra no país.

Os rebeldes xiitas e seus aliados, que no ano passado assumiram o controle da capital Sanaa e de outras regiões do norte e centro do Iêmen, avançaram no início de março em direção a Áden.

As forças leais ao presidente Hadi tentam romper o cerco da cidade com o apoio da aviação da coalizão árabe.

Dilema do Paquistão

A Arábia Saudita pediu ao Paquistão que participe na coalizão, mas o governo paquistanês não parece estar convencido sobre uma eventual ação.

Desde segunda-feira, por iniciativa do primeiro-ministro Nawaz Sharif, o Parlamento discute a eventual entrada na coalizão liderada pela Arábia Saudita.

O Paquistão tenta se manter neutro, uma vez que deseja manter boas relações com a Arábia Saudita e o Irã, país vizinho que se opõe firmemente à intervenção estrangeira e que é acusado de apoiar os xiitas huthis.

O conflito no Iêmen também deverá ser discutido durante uma visita do presidente turco Recep Tayyip Erdogan ao Irã.

Erdogan, um islamista conservador, denunciou no final de março uma tentativa de "dominação" de Teerã no Iêmen.

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