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Sistema de alarme de infecções é criticado na Alemanha

Registro de possíveis casos de infecções demora uma semana para chegar ao Instituto Robert Koch, em Berlim

Até agora, 34 mortes relacionadas a doença  foram registradas na Europa  (Sean Gallup/Getty Images)

Até agora, 34 mortes relacionadas a doença foram registradas na Europa (Sean Gallup/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2011 às 11h48.

Berlim - As denúncias na Alemanha de possíveis casos de infecções epidêmicas nas clínicas e hospitais afetados demoram até uma semana para chegar ao Instituto Robert Koch de virologia em Berlim, revela neste domingo o especialista em saúde do Partido Social-Democrata Alemão (SPD), Karl Lauterbach, no dominical "Bild am Sonntag".

As denúncias chegam, sempre pelo correio, em primeiro lugar para o escritório de saúde local, que as encaminha ao escritório de Saúde do estado afetado e este, por sua vez, repassa ao Instituto Robert Koch, responsável na Alemanha pelo combate às doenças de caráter epidêmico.

"As clínicas deverão no futuro denunciar esses casos por e-mail diretamente ao Instituto Robert Koch", exige Lauterbach, que ressalta que o surto da variante agressiva da bactéria "E. coli" terá consequências muito graves para vários afetados pela doença, que causou até agora 34 mortes na Alemanha e uma na Suécia.

"Cerca de cem pacientes apresentaram danos renais tão fortes que precisam de transplante ou serão obrigados a submeterem-se a diálises periódicas pelo resto da vida", ressalta o analista em Saúde do SPD, quem adverte que "no futuro voltarão a ocorrer novas infecções de 'E. coli' na Alemanha".

As autoridades de Saúde alemãs elevaram neste domingo para 34 o número de mortos no país - aos quais é preciso somar mais uma vítima registrada na Suécia -, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) ressaltou que se trata de um surto viral da bactéria "E. coli" registrado jamais na Europa.

O próprio ministro da Saúde, Daniel Bahr, reconhece no mesmo rotativo a necessidade de melhorar o sistema de alarme e a rede de informação para evitar que se repitam casos iguais.

"Uma vez controlado o surto de 'E. coli', os estados e a federação deverão avaliar conjuntamente o trabalho realizado. Considero muito importante o fluxo de informações entre as instituições envolvidas", assinala Bahr, que anuncia que o sistema de alarme será revisado.

Por sua vez, a ministra de Agricultura e Defesa do Consumidor, Ilse Aigner, anuncia no dominical "Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung" as consequências para o sistema de controle alimentar.

"Pedi às autoridades dos Länders (estados) que verifiquem em todo o país os produtores e importadores de brotos, até mesmo as importações de sementes", assinala Aigner.

O anúncio da ministra acontece após a contraprova do Instituto Robert Koch confirmar no sábado que a origem da infecção está em uma fazenda de produção orgânica de brotos na localidade de Bienenbüttel, no estado da Baixa Saxônia.

Embora o foco original da infecção tenha sido localizado nesse ponto, as autoridades sanitárias alemãs ainda desconhecem em parte a cadeia de distribuição dos brotos vegetais até os afetados e como a bactéria chegou à empresa.

O dominical "Bild am Sonntag" afirma, com base em dados das autoridades sanitárias alemãs, que o surto de "E. coli" deixou cerca de 4 mil doentes na Alemanha, dos quais mais de 750 sofrem da perigosa síndrome hemolítico-urêmica (SHU), que provoca graves danos renais e cerebrais.

Além disso, assinala que o alerta contra o consumo de pepinos, tomates e alfaces, já levantado e que foi ditado pelas autoridades sanitárias alemãs, causou perdas de mais de 600 milhões de euros aos agricultores em toda a Europa.

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