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Sírios veem continuidade da guerra em discurso de Assad

Discurso feito pelo presidente em Damasco foi anunciado como um plano de paz


	Presidente sírio Bashar al-Assad acena para seus apoiadores após discursar no Opera House, em Damasco
 (SANA/Reuters)

Presidente sírio Bashar al-Assad acena para seus apoiadores após discursar no Opera House, em Damasco (SANA/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2013 às 12h38.

Beirute - Sírios disseram nesta segunda-feira que esperavam apenas mais guerra depois de um discurso do presidente Bashar al-Assad, que foi anunciado como um plano de paz, e os combates recomeçaram na capital a poucos quilômetros de onde ele falou.

Horas depois de Assad se dirigir a partidários animados na Casa de Ópera de Damasco, no domingo, confrontos ocorreram a apenas alguns quilômetros de distância, perto da estrada para o aeroporto internacional da cidade, informou o Observatório Sírio para Direitos Humanos.

O grupo ligado à oposição disse que artilharia atingiu o distrito de Arqaba, a cinco quilômetros da Ópera. Combates continuaram durante toda a noite e nesta segunda-feira em torno da capital, bem como nas províncias do norte de Idlib e Aleppo, informou.

Moradores de Damasco relataram que o discurso foi recebido com tiros de celebração em bairros pró-Assad. Mas, mesmo lá, alguns não viram nenhum sinal de que a paz estava mais perto, embora o gabinete estivesse prestes a começar a implantar o plano para "resolver a crise na Síria".

Uma moradora do sul de Damasco partidária de Assad, que deu apenas seu primeiro nome, Aliaa, disse que o discurso foi eloquente, mas vazio. "Parecia mais exultando do que fazendo promessas", explicou.

"Eu concordo com as ideias, mas as palavras são realmente apenas palavras até que ele tome alguma ação. Ele precisa fazer alguma coisa. Mas, mesmo assim, tudo o que ele sugere, agora, é tarde demais, os rebeldes não vão parar." No distrito de Mezzeh, palco de vários ataques a bomba, um crítico de Assad disse que as pessoas tinham preocupações mais prementes.

"Aqui, ninguém se preocupa com esse discurso. Eles se preocupam com comida e eletricidade." A França se juntou aos Estados Unidos em dizer que o discurso de Assad, o primeiro perante um público desde junho do ano passado, mostrou que ele tinha perdido contato com a realidade, depois de 21 meses de conflito em que a ONU afirma que 60 mil pessoas foram mortas.


O plano que ele descreveu como uma nova iniciativa de paz não ofereceu concessões, e Assad desvirtuou a perspectiva de conversações com uma oposição que ele chama de fantoches do Ocidente.

Em vez disso, ele convocou os sírios a se mobilizarem para uma "guerra para defender o Estado". Ele propôs um cessar-fogo do exército, mas apenas depois que os rebeldes interrompessem suas operações.

O primeiro-ministro da Síria, Wael al-Halki, convocou nesta segunda-feira uma reunião especial de gabinete para implantar o "programa nacional anunciado pelo presidente Bashar al-Assad ontem (domingo) para resolver a crise na Síria", informou a agência de notícias estatal Sana.

George Sabra, vice-presidente da Coalizão Nacional, de oposição, disse que o plano de paz "nem sequer merece ser chamado de iniciativa".

"Nós devemos vê-lo mais como uma declaração de que ele vai continuar sua guerra contra o povo sírio", afirmou ele à Reuters.

A porta-voz do Departamento de Estado norte-americano Victoria Nuland considerou o discurso como "mais uma tentativa do regime para se agarrar ao poder".

"Sua iniciativa se afasta da realidade, prejudica os esforços do (enviado da paz da ONU) Representante Especial Conjunto Lakhdar Brahimi, e só permitiria que o regime perpetuasse ainda mais sua repressão sangrenta do povo sírio".

Principal aliado de Assad, o Irã defendeu o discurso como oferecendo um "processo político abrangente". "Este plano rejeita a violência e o terrorismo, e qualquer interferência externa", disse o chanceler iraniano Ali Akbar Salehi, em um comunicado.

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