Sínodo da Amazônia recomenda a ordenação de homens casados
A possível ordenação de homens casados, o que significa a suspensão do celibato, é um dos pontos mais criticados por bispos e cardeais
EFE
Publicado em 26 de outubro de 2019 às 17h44.
Última atualização em 26 de outubro de 2019 às 17h48.
Cidade do Vaticano - O Sínodo da Amazônia aprovou neste sábado a proposta de poder ordenar sacerdotes homens casados que vivem nas áreas mais isoladas na região, uma medida incluída no domingo final votado pelos bispos e que foi uma das mais polêmicas discutidas ao longo das três semanas do evento.
"Propomos ordenar sacerdotes homens idôneos e reconhecidos da comunidade que tenham um diaconado fértil e recebam uma formação adequada para o presbiterado, podendo ter família legitimamente constituída e estável", diz o 111º ponto do documento, que foi aprovado por 128 votos favoráveis e 41 contrários.
Segundo as regras do Sínodo, cada um dos pontos do documento final, incluídos após os debates das últimas três semanas, precisava ser aprovado por dois terços dos bispos presentes. A regra de ordenar padres casados foi a que mais recebeu votos contrários.
O documento final passa agora para as mãos do papa Francisco, que elaborará um outro relatório sobre os temas abortados e decidirá sobre a proposta dos chamados "viri probati", homens de provada fé que, apesar de casados, poderiam ser sacerdotes da Igreja Católica.
A possível ordenação de homens casados, o que significa a suspensão do celibato, é um dos pontos mais criticados por bispos e cardeais que participaram do Sínodo da Amazônia, como Gerhard Muller, o ex-governador regional da Doutrina da Fé.
Os participantes do sínodo também pediram que a ordenação dos casados seja levada para um debate universal, não se restringindo apenas à região da Amazônia.
"Muitas das comunidades eclesiásticas do território amazônico têm enormes dificuldades para ter acesso à eucaristia. Em algumas ocasiões, passam não apenas meses, mas anos para que um sacerdote celebre ou realize um sacramento de reconciliação ou a unção de doentes", argumenta o documento final no ponto 111.
Os debates também concluíram, no ponto 104, que é urgente a promoção e a formação do diaconado "permanente" na região da Amazônia, ou seja, laico, que poderia batizar, abençoar casamentos, auxiliar doentes, celebrar a liturgia da palavra, predicar e evangelizar, mas não celebrar missas.
Além disso, os bispos reunidos aprovaram o pedido para que as mulheres possam exercer novos ministérios, como o de poder ler as escrituras, ajudar em missas e distribuir a comunhão. O Vaticano também topou discutir a possibilidade de ordenar diaconisas, e Francisco determinou a recriação de um grupo de trabalho para analisar o tema.
O ponto foi outro dois mais criticados pelos participantes do Sínodo da Amazônia, tendo sido aprovado com 137 votos favoráveis e 30 contrários. EFE