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Sindicatos pedem ao governo francês que deixe de lado a reforma da Previdência para dialogar

As autoridades esperam "650 mil a 900 mil" manifestantes na terça-feira, de acordo com uma fonte policial

França: o Ministério do Interior estimou que 1,089 milhão de pessoas protestaram na última quinta-feira (Samuel Boivin/NurPhoto/Getty Images)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 27 de março de 2023 às 16h26.

Última atualização em 27 de março de 2023 às 16h34.

O líder do principal sindicato francês afirmou, nesta segunda-feira, 27, que só aceitará o convite ao diálogo da primeira-ministra, Élisabeth Borne, se o governo deixar de lado a sua impopular reforma daPrevidência, em pleno conflito social.

"Se a mão estendida é para rediscutir o trabalho e a Previdência e deixar a reforma de lado por enquanto (...) Se essas duas questões estiverem na mesa, vamos discutir", disse Laurent Berger, do sindicato reformista CFDT, ao canal France 2.

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Em entrevista à AFP, Borne disse no domingo que estava "à disposição" dos sindicatos para "acalmar as coisas", dois dias antes de um novo dia de greve nacional e protestos a pedido das organizações sindicais.

Manifestações gigantes na França

As autoridades esperam "650 mil a 900 mil" manifestantes na terça-feira, de acordo com uma fonte policial. O Ministério do Interior estimou que 1,089 milhão de pessoas protestaram na última quinta-feira (3,5 milhões, para o sindicato CGT).

Durante uma reunião de crise nesta segunda-feira com Borne, membros do governo e líderes do partido no poder, o presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu "continuar estendendo a mão", de acordo com um dos participantes.

A França está submersa desde janeiro em um forte conflito social que se agravou em 16 de março, quando o presidente liberal decidiu adotar por decreto o adiamento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030.

Desde a sua aprovação final, quatro dias depois, o governo tenta avançar em outras questões e fechar o capítulo sobre esta reforma, mas os protestos se intensificam.

Museu do Louvre de portas fechadas

Sinal do mal-estar que impera no país, o museu do Louvre, o mais visitado do mundo, não pôde abrir suas portas nesta segunda-feira. Seus trabalhadores e funcionários de outros locais culturais bloquearam sua abertura.

Embora o governo busque formas de acalmar a situação e traçar um roteiro para seus próximos projetos, se mostra inflexível diante da rejeição popular. "A lei da Previdência ficou para trás", reiterou seu porta-voz, Olivier Véran.

Essa reforma, fundamental para o segundo mandato de Macron até 2027, enfrenta recursos apresentados pela oposição perante o Conselho Constitucional, que agora deve se pronunciar sobre sua validade antes que o presidente francês possa promulgá-la.

Os protestos levaram ao cancelamento da visita do rei britânico Charles III prevista para esta semana. Em vez disso, Macron realizou uma reunião de crise com Borne, vários ministros e aliados de seu governo nesta segunda-feira, disse a Presidência.

As ações de protesto continuam: escolas e universidades bloqueadas, greve em armazéns e refinarias que causa falta de combustível em 15% dos postos de gasolina e as mais de 7 mil toneladas de lixo acumuladas nas ruas de Paris, entre outras.

Na terça-feira, cerca de 30% dos professores de ensino fundamental entrarão em greve novamente, de acordo com o sindicato SNUipp-FSU. O transporte público de Paris e o serviço de trem devem registrar novos cancelamentos.

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