Serra diz que mínimo de R$ 600 é anúncio, não promessa
Candidato tucando que acha dinheiro poderia vir da Previdência, que estariam com receita subestimadas
Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2010 às 17h27.
São Paulo - O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou nesta quarta-feira que a elevação do salário mínimo para 600 reais a partir do ano que vem não é uma promessa de sua campanha, mas um anúncio feito pelo candidato caso seja eleito.
"Se é algo que nós vamos fazer, não é eleitoreiro. É algo que nós vamos fazer eu acho necessário", afirmou o candidato durante entrevista ao programa Bom Dia Brasil (TV Globo) quando questionado se a elevação do mínimo não seria uma promessa eleitoreira.
O candidato disse que financiaria a elevação do salário mínimo com cortes nos cargos de confiança e no que chamou de "cabide de empregos". Também declarou que cortará "desperdícios" por meio de renegociações de contratos "que a meu ver estão inflados, como eu fiz no governo de São Paulo".
Serra avaliou ainda que a mensagem orçamentária enviada pelo governo federal subestima a receita da Previdência Social, o que daria espaço para um reajuste maior do mínimo.
"Eu fiz o cálculo, naturalmente com o auxílio de assessores, antes de anunciar qualquer coisa. De modo que é factível que o orçamento comporte essa despesa", afirmou Serra, sem mencionar números.
Atrás da candidata petista, Dilma Rousseff, nas pesquisas de intenção de voto, que apontam vitória dela já no primeiro turno, Serra afirmou ainda ser possível reajustar as aposentadorias em 10 por cento, como tem afirmado em seus programas eleitorais.
O candidato também foi indagado sobre uma terceira promessa feita recentemente, a da criação de um 13o para os beneficiados pelo programa Bolsa Família.
"Nós criamos as bolsas. Eu criei o Bolsa Alimentação no governo Fernando Henrique e o Paulo Renato (Souza ex-ministro da Educação) criou o Bolsa Escola", lembrou.
"O que o governo Lula fez foi juntar e chamar de Bolsa Família", avaliou. "(Criação de 13o) é um custo moderado e me parece perfeitamente razoável."
Durante os cerca de 20 minutos de entrevista, pouco se falou da disputa eleitoral. Serra foi questionado sobre a utilização de Lula em seu programa eleitoral e se estaria "escondendo" o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem foi ministro por duas vezes.
"Essa coisa do Lula se repete muito", disse. "Passou por três segundos na televisão e, na verdade, estava voltado para a candidata dele, no sentido de que ela não tem uma história, não tem uma biografia sólida", explicou.
"Em relação ao Fernando Henrique, ninguém mais do que eu tem defendido as coisas boas do governo dele por todas as partes."
"Burrice", China e câmbio
Serra fez críticas à abertura econômica realizada no Brasil na década de 1990, que ele considerou "rápida e mal feita". O tucano declarou que há falta de investimentos em alfândega, o que permite a invasão de produtos chineses, por exemplo, sem o pagamento de impostos.
O tucano classificou de "um erro" a decisão do governo Lula de reconhecer a China como economia de mercado. Questionado então se pretendia criar barreiras para o comércio, Serra respondeu: "Não. Vou fazer defesa comercial, porque o Brasil atuou com burrice nessa área."
Ainda na seara econômica, Serra repetiu sua avaliação de que o real se encontra supervalorizado e relacionou a alta da moeda aos juros. Garantiu, no entanto, que não fará intervenções.
"A questão do câmbio precisa ser corrigida junto com os juros, porque ela é a contrapartida dos juros. Mas eu não vou fazer nenhuma intervenção. Nós temos um regime de responsabilidade fiscal, de metas de inflação, de flexibilidade cambial, de flutuação. Nós vamos manter esse regime."
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