Diana Mondino ao lado de Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil (Ministério das Relações Exteriores/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 26 de novembro de 2023 às 16h48.
Última atualização em 28 de novembro de 2023 às 17h02.
Em seu encontro de cerca de 3 horas com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, neste domingo, em Brasília, a chanceler do futuro gabinete argentino, Diana Mondino, entregou uma carta do presidente eleito Javier Milei ao brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, na qual o argentino diz que os dois países são amigos, irmãos e estarão sempre juntos. No texto, confirmou Mondino em entrevista exclusiva ao "O Globo", Milei convida informalmente — já que convite formal deve ser enviado pela chancelaria argentina — Lula para ir à sua posse, em 10 de dezembro.
"Para nós seria um prazer e uma honra contar com a presença do presidente brasileiro. Os convites formais serão enviados pelo atual governo entre segunda e terça", confirmou a futura chanceler. Mondino queixou-se pelo que chamou de “circo” sobre o que ela considera supostas opiniões negativas de Milei sobre Lula e sobre o Brasil:
"Perdi muito tempo explicando que não era nada do que diziam, que o Brasil é o principal sócio da Argentina e que não vamos romper nada, armaram um circo". Segundo a futura chanceler argentina, “Milei nunca disse nada do que disseram que ele disse”.
Durante a campanha eleitoral, quando foi perguntado pelo Brasil, o presidente eleito respondeu, em algumas oportunidades, que não se relacionaria com governos comunistas. A resposta de Milei foi sempre a mesma: a relação poderá ser entre empresas, mas não entre Estados. A mesma posição era levantada quando a pergunta era sobre China. No entanto, após vencer as eleições com mais de 55% dos votos, o presidente eleito buscou aproximar dos dois países.
"Criaram uma imagem errada, se você revisar as declarações de Milei verá que ele nunca disse nada agressivo [sobre Lula ou o Brasil]. Milei será um grande presidente da Argentina", assegurou Mondino. "Milei nunca foi o monstro que inventaram", insistiu Mondino.
Também participaram do encontro em Brasília o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, e do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli. A futura chanceler confirmou que, "como todos os argentinos que estão fazendo um bom trabalho" no exterior, Scioli foi convidado pelo governo eleito para continuar no posto.
No caso de Lula, houve uma entrevista que gerou bastante polêmica, concedida por Milei ao jornalista peruano Jaime Bayly. Na conversa, o presidente eleito argentino volta a chamar Lula de comunista, e diante de uma pergunta de Bayly sobre a prisão de Lula, o presidente eleito argentino concorda quando o jornalista peruano afirma que Lula é “um grande corrupto”, e acrescenta: “Óbvio, por isso esteve preso”.
O encontro com o chanceler brasileiro foi extenso, e terminou com um almoço no Itamaraty. A agenda de temas, acrescentou Mondino, inclui o acordo entre Mercosul e União Europeia, que está em fase final de negociação, entre outros.
"Demos nosso apoio ao acordo com a UE, sem ressalvas. A troca de presidentes na Argentina não será um impedimento", disse a futura chanceler do governo Milei, que é economista e sempre se desempenhou no setor privado, trabalhando em bancos, empresas e fundos de investimento.
Mondino e Vieira também conversaram sobre a cooperação entre os dois países em matéria energética, e sobre as negociações do Mercosul com Singapura e com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta).