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Sequestro de três mulheres por uma década choca os EUA

Amanda Berry, de 27 anos, Gina DeJesus, de 23, e Michelle Knight, de 32, foram encontradas em uma casa no bairro de West Side, em Cleveland

O pesadelo terminou quando Amanda Berry  (à direita) - sequestrada há 10 anos, aos 16 - colocou os braços em um buraco na porta principal e pediu ajuda (AFP)

O pesadelo terminou quando Amanda Berry (à direita) - sequestrada há 10 anos, aos 16 - colocou os braços em um buraco na porta principal e pediu ajuda (AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de maio de 2013 às 22h29.

São Paulo - A descoberta de três mulheres sequestradas em uma casa de Cleveland (Ohio), consideradas desaparecidas durante uma década, e a detenção de três irmãos latinos suspeitos do sequestro provocaram choque e muitas perguntas nesta terça-feira nos Estados Unidos.

Amanda Berry, de 27 anos, Gina DeJesus, de 23, e Michelle Knight, de 32, foram encontradas em uma casa no bairro de West Side, em Cleveland, não muito longe de onde desapareceram entre 2002 e 2004. A filha de Amanda, de seis anos, também foi resgatada, confirmou a polícia.

Mas como as mulheres foram mantidas presas todos esses anos e por que só escaparam agora são as dúvidas que pairam. Aos poucos, as autoridades começam a divulgar alguns detalhes.

O chefe de polícia de Cleveland, Michael McGrath, anunciou a detenção de Ariel Castro, de 52, e de seus dois irmãos, identificados como Pedro Castro, de 54, e Oneil Castro, de 50.

O pesadelo terminou quando Amanda Berry - sequestrada há 10 anos, aos 16 - colocou os braços em um buraco na porta principal e pediu ajuda. Um vizinho viu Amanda Berry gritando e tentando sair da casa.

"Escutei gritos (...) e vi essa garota tentando fugir como uma louca da casa", disse à rede de televisão ABC, Charles Ramsey, que virou um herói local.

"Fui até a entrada e ela disse: me ajude a sair, estou aqui há muito tempo".

Ramsey contou que tentou abrir a porta e, como não conseguiu, teve de derrubá-la, antes que a mulher saísse se arrastando e "levando uma criança pequena com ela".

Berry correu até uma casa vizinha para ligar para a polícia, implorando que fossem ao local o mais rápido possível: "Antes que ele volte".


"Sou Amanda Berry. Fui sequestrada. Estive desaparecida durante 10 anos. Estou livre, estou aqui agora", disse a jovem ao número de emergência 911.

Amanda revelou que ela e outras duas jovens eram mantidas em cativeiro por Ariel Castro. Quando a polícia chegou, ela contou sobre as outras duas mulheres na casa: Gina DeJesus e Michelle Knight.

"Os policiais gritaram" ao descobrir as outras mulheres, informou o representante do FBI, Steve Anthony.

Berry desapareceu em 21 de abril de 2003, quando tinha 16 anos, após sair do trabalho em um lanchonete de fast food, informou o FBI. A mãe da jovem, Louwanna Miller, morreu de ataque cardíaco em março de 2006, segundo a imprensa.

Gina DeJesus tinha apenas 14 anos, em 2 de abril de 2004, quando desapareceu após deixar a escola. Michelle Knight desapareceu aos 21 anos, no dia 23 de agosto de 2002, depois de visitar uma prima, segundo o jornal "Cleveland Plain Dealer".

Depois da surpreendente descoberta, a polícia prendeu Ariel, Oneil e Pedro Castro. Ariel é o dono da casa, enquanto seus dois irmãos moravam em outro lugar, afirmou a polícia.

Segundo o jornal "Plain Dealer", a filha de Ariel Castro, que é doente mental, foi condenada em 2008 a 25 anos de prisão por violência contra um bebê. Em 2004, seu filho havia escrito um artigo sobre um desaparecido, de acordo com o jornal "USA Today".

Citando a família, a rede CBS News indicou que Gina conhecia Ariel Castro, que seria pai de seu melhor amigo.

O diretor de Segurança Pública de Cleveland, Martin Flask, admitiu que a polícia não foi alertada sobre qualquer situação incomum no número 2207 da Seymour Avenue, embora tenha estado duas vezes no local.

A primeira foi em março de 2000, quando Ariel denunciou uma briga de rua, e a segunda, em janeiro de 2004, quando ele, na época um motorista de ônibus escolar, esqueceu um garoto dentro do veículo. A polícia não encontrou motivos para manter as investigações. Segundo Flask, ainda não foram apresentadas acusações contra os detidos.


As três vítimas receberam alta do hospital na manhã desta terça-feira, depois de serem submetidas a um exame médico. De acordo com boletim do Metro Health Medical Center, de Cleveland, o estado das três é "relativamente saudável".

Vizinhos estão perplexosCentenas de pessoas invadiram uma rua residencial normalmente tranquila, para celebrar o fato de as mulheres, que muitos temiam que estivessem mortas, terem sido encontradas vivas.

"É uma casa normal. Ninguém ouviu nada, nada. Não sei como eles mantiveram essas garotas", disse chocado à AFP o cozinheiro Joe Torres, de 32, morador do bairro.

Rachel Williamson, de 30, mãe de três filhos, passava "com frequência" pela casa, localizada em uma área popular. "É triste pensar que elas estavam ali todo esse tempo".

Charles Ramsey, que resgatou Berry, disse aos jornalistas que chegou a compartilhar refeições com o sequestrador e a ouvir salsa com ele, sem suspeitar de nada.

"Fiz churrascos com esse cara, ouvimos salsa. Nunca teve nada que me fizesse pensar que havia garotas nessa casa. Saía para o jardim, passeava com o cachorro, cuidava do carro, um cara comum", comentou.

Outra vizinha, Charliez Czorb, disse estar surpresa com o tempo que as três jovens passaram no cativeiro sem que ninguém percebesse. "Estavam no nosso quintal. Estas meninas estavam presas no nosso quintal!", afirmou.

Ariel Castro foi descrito pelos vizinhos como um amigável motorista de ônibus que também era músico.

Jannette Gomez, de 50 anos, que visitava parentes e amigos na rua, contou que Castro estacionava sua motocicleta e seu caminhão na parte de trás da casa, trancava a grade de entrada com chave e entrava na residência pela porta dos fundos. Algumas vezes acendia uma luz fraca na entrada, mas a casa estava sempre às escuras.


Tasheena Mitchell, de 26, disse que não conseguiu acreditar quando o irmão ligou para avisar que haviam encontrado sua prima Amanda. Ela correu para o hospital. "Ela era minha melhor amiga", disse Tasheena ao jornal "Plain Dealer".

Gerald Maloney, um dos médicos que atenderam as três mulheres, afirmou que elas estavam bem. "Este não é o final que normalmente ouvimos nesse tipo de história, e estamos muito felizes por elas", disse o médico aos jornalistas.

O prefeito de Cleveland, Frank Jackson, ficou "agradecido pelo fato de essas três jovens estarem com vida".

"Temos muitas perguntas sem resposta. Por que foram sequestradas? Como foram capturadas? E como permaneceram em Cleveland sem serem identificadas em nenhum momento?", questionou hoje o prefeito, em entrevista coletiva.

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