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Sequestro de estudantes pelo Boko Haram completa 500 dias

Apesar da ampla campanha internacional mobilizada pelos ativistas do movimento "Bring back our Girls" o destino das meninas segue sem ser conhecido


	Protesto contra o Boko Haram: os jihadistas invadiram no dia 14 de abril de 2014 a escola de Chibok, no estado de Borno, e conseguiram sequestrar 276 meninas que se preparavam para fazer suas provas
 (Afolabi Sotunde/Reuters)

Protesto contra o Boko Haram: os jihadistas invadiram no dia 14 de abril de 2014 a escola de Chibok, no estado de Borno, e conseguiram sequestrar 276 meninas que se preparavam para fazer suas provas (Afolabi Sotunde/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2015 às 11h44.

A Nigéria lembrava nesta quinta-feira os 500 dias desde o sequestro das 200 estudantes de Chibok pelo Boko Haram, no momento em que diminuem as esperanças de resgatá-las, apesar dos avanços militares contra o grupo jihadista.

Apesar da ampla campanha internacional mobilizada pelos ativistas do movimento "Bring back our Girls" ("Devolvam nossas meninas"), que contou com o apoio de personalidades como Michelle Obama e Angelina Jolie, e dos esforços militares, o destino das meninas segue sem ser conhecido e teme-se que tenham sido vendidas como escravas.

Os jihadistas invadiram no dia 14 de abril de 2014 a escola de Chibok, no estado de Borno, e conseguiram sequestrar 276 meninas que se preparavam para fazer suas provas.

Embora 57 das sequestradas tenham conseguido escapar, o destino das outras 219 continua sendo incerto. Um mês depois do rapto, o grupo publicou um vídeo no qual mostrava uma dezena delas vestidas de preto recitando o Alcorão resignadas.

O líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, se vangloriou na época, afirmando que as meninas haviam sido convertidas ao islã e que foram obrigadas a se casar com membros do grupo jihadista.

Muitos ativistas pelos direitos humanos afirmaram que as meninas podem ter sido vendidas como escravas a membros do grupo ou utilizadas como bombas humanas nos ataques dos jihadistas.

Nesta quinta-feira, o movimento "Bring Back our Girls" planeja organizar uma grande marcha em Abuja, capital federal da Nigéria, com o objetivo de lembrar os 500 dias desde o sequestro.

Para os ativistas, ainda há esperanças. A porta-voz do grupo, Aisha Yesufu, lembrou que o novo presidente nigeriano, Muhamadu Buhari, deu sua palavra de que fará todo o possível para que as meninas sejam resgatadas e devolvidas aos seus pais, para que possam retornar à escola e seguir com suas vidas.

"Esperamos que o novo governo faça o que precisa ser feito", acrescentou.

Há alguns meses, o Boko Haram foi repelido de vários territórios no nordeste da Nigéria nos quais havia se instalado desde o início de sua ofensiva, em 2009.

O exército nigeriano, apoiado por contingentes de países vizinhos, especialmente do Chade e do Camarões, lançou desde o início de 2015 golpes significativos contra os jihadistas, deslocando-os dos núcleos urbanos.

Centenas de pessoas que haviam sido sequestradas pelo Boko Haram foram libertadas nestas operações, sem que tenha sido possível resgatar as meninas até o momento.

Segundo as organizações de direitos humanos, o Boko Haram sequestrou mais de 2.000 pessoas em quatro anos, embora se estime que cerca da metade já puderam ser libertadas.

Os militares nigerianos afirmam que as estudantes de Chibok estão nos arredores da floresta de Sambisa, no estado de Borno, no nordeste da Nigéria, mas que uma operação para libertá-las colocaria suas vidas em risco.

Para o analista de segurança Fulan Nasrullah, especialista no grupo Boko Haram, "já não há esperança" de encontrar as meninas de Chibok.

"A maioria teve filhos e foi obrigada a se casar com seus sequestradores. Muitas outras foram vendidas no mercado mundial do sexo e provavelmente estão sendo prostituídas no Sudão, Dubai ou Cairo", disse o especialista.

O analista disse que também é possível que outras das meninas sequestradas tenham morrido tentando escapar de seus captores ou que tenham perecido nos bombardeios aéreos que os militares lançam contra os acampamentos dos jihadistas.

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