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Sequestrador de Cleveland se declara inocente

Ariel Castro é acusado de manter em cativeiro três mulheres durante uma década


	Ariel Castro, no Tribunal Municipal de Cleveland: o acusado permaneceu com a cabeça baixa e não disse uma palavra
 (Emmanuel Dunand/AFP)

Ariel Castro, no Tribunal Municipal de Cleveland: o acusado permaneceu com a cabeça baixa e não disse uma palavra (Emmanuel Dunand/AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2013 às 14h46.

Cleveland - Ariel Castro, motorista de ônibus desempregado acusado de sequestrar, estuprar, espancar e provocar abortos em três americanas durante uma década em Cleveland (Ohio, norte), declarou-se inocente, nesta quarta-feira, de todas as acusações, em um breve comparecimento diante da Justiça.

Vestido com a clássica roupa de presidiário laranja, Castro, de 52 anos, permaneceu com a cabeça baixa e não disse uma palavra enquanto seu advogado apresentou a declaração em seu nome.

Um grande júri emitiu na semana passada uma acusação de 329 crimes contra o agressor, entre eles sequestro, estupro e homicídio qualificado, em particular por provocar um aborto em uma das reféns.

Castro pode enfrentar a pena de morte se for considerado culpado de homicídio qualificado, um crime capital em Ohio se ocorrer durante um sequestro. O promotor Timohthy McGinty já anunciou sua intenção de pedir a pena de morte.

Mas os advogados de Castro questionam a existência de provas forenses suficientes para demonstrar que seu cliente é culpado de ter colocado fim à força a estes episódios de gravidez.

"Esperamos poder chegar a um acordo para não ter um julgamento desnecessário de homicídio qualificado e pena de morte", disse nesta quarta-feira a jornalistas o advogado de defesa, Craig Weintraub.

"Somos muito sensíveis à tensão e ao impacto emocional que um julgamento teria sobre as mulheres, suas famílias e a comunidade".

A maioria dos estados dos Estados Unidos têm leis de homicídio fetal, que permitem castigar os que ferem mulheres grávidas, ao mesmo tempo em que garantem o direito de a mulher realizar um aborto legal.

O sequestro e o estupro não são crimes capitais, apesar da terrível experiência imposta às três mulheres, sequestradas na rua depois de Castro se oferecer para levá-las as suas casas.

Castro foi detido no início de maio depois que uma de suas vítimas, Amanda Berry, de 27 anos, conseguiu escapar da casa onde permaneceu reclusa junto a outras duas mulheres, Michelle Knight, de 32 anos, e Gina DeJesus, de 23.

Com elas vivia a filha de Berry, Jocelyn, de seis anos. Os testes de DNA confirmaram que Castro é o pai da menina, nascida em cativeiro.


Nascimento em uma piscina inflável

A revelação da situação vivida pelas três jovens sequestradas entre 2002 e 2004 chocou os Estados Unidos. A acusação ditada na semana passada, que só cobre os primeiros cinco anos de cativeiro das mulheres, apresenta relatos estarrecedores.

Knight, sequestrada no dia 23 de agosto de 2002 aos 20 anos, viveu acorrentada no porão, onde foi estuprada e espancada repetidamente. Ficou grávida pelo menos quatro vezes.

Berry tentou escapar da noite em que foi raptada, no dia 21 de abril de 2003 aos 16 anos, mas foi impedida e depois estuprada. Castro amarrou suas pernas e a boca com fita adesiva, a acorrentou no porão e colocou um capacete de motocicleta em sua cabeça. Em algum momento daquela noite também amarrou uma corda ao redor de seu pescoço.

DeJesus, sequestrada no dia 2 de abril de 2004 aos 14 anos, também foi acorrentada, amarrada com fita adesiva no porão, espancada e agredida sexualmente na noite em que foi sequestrada. Mas Castro levou mais de um mês para forçar a menor a ter relações sexuais com ele.

Um relatório da polícia revelou detalhes mais sórdidos, como o parto de Berry em uma piscina inflável no dia 25 de dezembro de 2006, ajudada por Knight, que, ameaçada de morte por Castro, salvou a recém-nascida realizando respiração boca a boca.

Também disse que Castro fez Knight abortar fazendo-a passar fome e depois espancando-a por diversas vezes na barriga.

As mulheres disseram que permaneceram acorrentadas no porão durante seus primeiros anos de cativeiro, mas que depois receberam permissão para viver no segundo andar da casa, sem correntes, mas reclusas.

A polícia ainda não descobriu como nenhuma das pessoas que visitou em dez anos a casa de Castro, localizada na Seymour Street 2207, percebeu o que estava ocorrendo.

"Ariel manteve todos a distância", disse o vice-chefe da polícia, Ed Tomba, pouco após a detenção.

*Matéria atualizada às 14h46

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