Policiais ucranianos diante da administração regional: vários edifícios públicos foram ocupados no leste da Ucrânia por ativistas russófonos que reivindicam a realização de referendos regionais (Anatoliy Stepanov/AFP)
Da Redação
Publicado em 9 de abril de 2014 às 10h48.
Luhansk - Separatistas pró-Rússia reforçaram barricadas e prepararam bombas caseiras, nesta quarta-feira, em um prédio público de Luhansk, no leste da Ucrânia, enquanto em Kiev o governo ucraniano ameaçou usar a força para restaurar a ordem.
Nos últimos dias, vários edifícios públicos foram ocupados no leste da Ucrânia por ativistas russófonos que reivindicam a realização de referendos regionais como o que ocorreu antes da anexação da península da Crimeia pela Rússia, no mês passado.
Uma porta-voz policial disse, contrariando rumores, que não há reféns em Luhansk. Os manifestantes também negaram isso.
Em Donetsk, ao sul, os ativistas continuam controlando o principal edifício regional de governo, mas as autoridades encerraram a ocupação na cidade de Kharkiv.
"Uma solução para esta crise será encontrada nas próximas 48 horas", disse em Kiev o ministro ucraniano do Interior, Arsen Avakov, a jornalistas.
"Para quem quer diálogo, propomos conversas e uma solução política. Para a minoria que quer conflito, eles terão a resposta de força das autoridades ucranianas", afirmou.
Um porta-voz dos manifestantes que ocupam o prédio em Luhansk disse que 50 pessoas deixaram o local durante a noite, mas que outras permaneceram, e que as negociações para o fim do impasse prosseguem.
Os ativistas, muitos deles encapuzados, continuaram a reforçar suas barricadas com pneus, pallets de madeira e sacos de areia. Além disso, bombas incendiárias foram preparadas, e vários militantes portavam armas automáticas.
O porta-voz do grupo, identificado apenas como Vasily, disse que os militantes que saíram "não estavam preparados para permanecer e lutar", mas que os recalcitrantes irão resistir até que um referendo separatista seja realizado.
"É claro que precisamos pedir à Rússia para nos deixar aderir a ela", afirmou, acrescentando que espera receber ajuda do presidente russo, Vladimir Putin.
O governo ucraniano diz que as ocupações são parte de um plano russo para desmembrar a Ucrânia, uma acusação que Moscou rejeita. Os EUA também atribuem a crise a Moscou.
Em nota na quarta-feira, a chancelaria russa rejeitou as acusações e qualificou de infundadas as preocupações de Kiev e do Ocidente com as movimentações militares da Rússia nos arredores da Ucrânia.