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Senado dos EUA aprova entrada de Finlândia e Suécia na Otan; veja o que falta

Países apresentaram suas candidaturas em maio, deixando de lado sua posição de longa data de não alinhamento militar

Sede da Otan: Senado dos EUA aprova entrada de Finlândia e Suécia (Dursun Aydemir/Anadolu Agency/Getty Images)

Sede da Otan: Senado dos EUA aprova entrada de Finlândia e Suécia (Dursun Aydemir/Anadolu Agency/Getty Images)

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Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de agosto de 2022 às 16h44.

Senadores dos Estados Unidos aprovaram em uma votação quase unânime a adesão da Finlândia e da Suécia na Otan, com republicanos e democratas se unindo para abrir caminho para uma das expansões mais significativas da aliança em décadas em meio à invasão da Rússia à Ucrânia. Ainda faltam sete países a ratificarem a entrada, que precisa de aprovação de todos os 30 membros.

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A resolução, apoiada pelo governo de Joe Biden, foi aprovada na última quarta-feira com 95 votos a favor e um contra. Eram necessários os votos de pelo menos dois terços dos senadores (67 de 100) para aprovar o texto. Biden elogiou o Senado pela velocidade com a qual ratificou os protocolos de adesão, acrescentando que a entrada de ambos os países "fortalecerá ainda mais a segurança coletiva da Otan e aprofundará a parceria transatlântica".

"Estou ansioso para assinar os protocolos de adesão e receber a Suécia e a Finlândia, duas democracias fortes com militares altamente capazes, na maior aliança defensiva da história", acrescentou o presidente.

Todos os 30 atuais membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte devem ratificar as adesões. Além dos EUA, outros 22 países já o fizeram, com mais da metade ratificando em cerca de três meses desde que as duas nações se candidataram. É um ritmo propositalmente rápido destinado a enviar uma mensagem à Rússia.

A adesão da Suécia e da Finlândia à Otan aumentaria os ativos militares da aliança, especialmente porque os consideráveis arsenais de artilharia, aviões de guerra e armas navais dos dois países já são compatíveis com os sistemas da Otan.

A expansão - considerado que a Finlândia mais que dobraria a quantidade de território da organização na fronteira direta com a Rússia - "é exatamente o oposto do que Putin imaginou quando ordenou que seus tanques invadissem a Ucrânia", disse o presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, Robert Menendez, um democrata.

Quem ainda falta

Mas apesar da rápida aprovação em grande parte dos aliados, ainda faltam sete países a ratificarem: República Checa, Grécia, Portugal, Eslováquia, Espanha, Hungria e Turquia, com grandes riscos de os dois últimos governos se colocarem como empecilho.

Há duas semanas o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçava bloquear as candidaturas, o que prolongaria o processo. Depois de inicialmente levantar objeções à oferta, a Turquia fechou um acordo no final de junho no qual abandonaria sua oposição à adição da Finlândia e da Suécia se estas concordassem em encerrar as redes de recrutamento e financeiras do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, ou PKK, e atender aos pedidos de Ancara para deportar algumas pessoas afiliadas.

Na época, o presidente turco sugeriu que a Suécia e a Finlândia teriam que "cumprir seus deveres" antes que o parlamento turco considerasse ratificar suas propostas de adesão à Otan. E nas semanas seguintes, ele alertou que a Turquia ainda poderia "congelar" o processo em andamento, insinuando que estava insatisfeito com o progresso deles nos termos do acordo.

Enquanto isso, a Hungria, cujo líder autoritário de extrema-direita, Viktor Orbán, deve discursar na Conferência de Ação Política Conservadora no Texas esta semana, mantém uma postura enigmática sobre como lidará com as propostas da Suécia e da Finlândia. Orbán é um aliado de Vladimir Putin.

Quase unanimidade

Mesmo nos Estados Unidos, há um contingente pequeno, mas barulhento, que se opõe à expansão da Otan. Em um discurso antes da votação de quarta-feira, o senador republicano Josh Hawley argumentou que permitir a entrada da Finlândia e da Suécia na aliança seria contrário aos interesses dos EUA porque "expandir a Otan exigirá mais forças dos EUA na Europa, mais mão de obra, mais poder de fogo, mais recursos, mais gastos, e não apenas agora, mas a longo prazo."

O republicano do Missouri que muitas vezes alinha suas posições com as dos mais fervorosos defensores do ex-presidente Donald Trump, foi o único voto contra. Hawley usou o plenário do Senado para chamar as alianças de segurança europeias de uma distração do que chamou de principal rival dos Estados Unidos - a China, não a Rússia. A oposição de Hawley foi fortemente criticada por membros de seu próprio partido.

O líder da minoria no Senado, republicano Mitch McConnell, que visitou Kiev no início deste ano, pediu a aprovação unânime. Falando ao Senado, McConnell citou os militares bem financiados e modernizadores da Finlândia e da Suécia e sua experiência de trabalho com as forças e sistemas de armas dos EUA, chamando-o de "um golpe para a segurança nacional" dos EUA. "A adesão deles tornará a Otan mais forte e a América mais segura. Se algum senador está procurando uma desculpa defensável para votar não, desejo boa sorte", disse McConnell.

Suécia e Finlândia apresentaram suas candidaturas em maio, deixando de lado sua posição de longa data de não alinhamento militar. Foi uma grande mudança nos arranjos de segurança para os dois países depois que a vizinha Rússia lançou sua guerra contra a Ucrânia no final de fevereiro. Biden incentivou a adesão e deu as boas-vindas aos chefes de governo dos dois países à Casa Branca em maio, ficando lado a lado com eles em uma demonstração de apoio dos EUA.

(Estadão Conteúdo com agências internacionais)

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