Senado americano: a instituição que vai julgar o presidente Donald Trump é composta em sua grande maioria por senadores republicanos, que não devem aprovar o impeachment (Tim Sloan/AFP/AFP)
Reuters
Publicado em 16 de janeiro de 2020 às 14h58.
Washington — O Senado dos Estados Unidos adotará medidas formais nesta quinta-feira para avaliar o afastamento do presidente Donald Trump por abuso de poder, mas questões centrais, como se testemunhas deporão ou não em seu julgamento de impeachment, continuam no ar.
Na quarta-feira, a Câmara dos Deputados de maioria democrata enviou duas acusações formais contra Trump ao Senado controlado pelos republicanos, encaminhando o início do terceiro julgamento de impeachment de um presidente norte-americano na semana que vem.
A cerimônia, e não a substância, dará o tom dos procedimentos desta quinta-feira, quando os vários "promotores" da Câmara que processam Trump apresentarão os artigos de impeachment ao Senado às 12h.
O Senado convidará o presidente da Suprema Corte, John Roberts, a ir à Casa às 16h (horário de Brasília) para fazer o juramento como presidente do julgamento. A seguir os 100 senadores prestarão juramento e o Senado notificará a Casa Branca a respeito do julgamento iminente de Trump.
Seguindo essencialmente os alinhamentos partidários, A Câmara dos Deputados aprovou por 228 a 193 encarregar o Senado de julgar o presidente republicano devido a acusações de abuso de poder por pedir à Ucrânia para investigar o rival político Joe Biden e de obstrução de Congresso por barrar depoimentos e documentos solicitados pelos parlamentares democratas.
O Senado deve absolver Trump e mantê-lo no cargo, já que nenhum dos 53 republicanos expressou apoio à sua remoção --uma medida que exigiria uma maioria de dois terços.
Mas o impeachment de Trump na Câmara no mês passado é uma mácula em seu histórico, e o julgamento televisionado no Senado pode lhe criar constrangimento agora que ele busca a reeleição. O ex-vice-presidente Biden é um dos favoritos da disputa pela indicação democrata para enfrentá-lo na eleição de 3 de novembro.
Trump nega irregularidades e qualificou o processo de impeachment como uma farsa.
Um evento crucial para o processo foi um telefonema de 25 de julho no qual Trump pediu ao presidente ucraniano que investigasse Biden e seu filho, Hunter Biden, por corrupção e que analisasse uma teoria desacreditada segundo a qual a Ucrânia, e não a Rússia, tinha interferido na eleição norte-americana de 2016.
Os republicanos argumentam que esta ação e a retenção de 391 milhões de dólares em ajuda de segurança à Ucrânia em troca das investigações não chegam a ser delitos dignos de impeachment, e acusaram os democratas de usarem o caso ucraniano para anular a vitória de Trump em 2016.