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Sem escala 6x1? Tóquio quer implementar semana de 4 dias no trabalho para incentivar natalidade

Nova política, que entra em vigor em 2025, busca melhorar qualidade de vida e aumentar nascimentos em um Japão marcado por declínio populacional e envelhecimento acelerado

Publicado em 7 de dezembro de 2024 às 09h18.

Em um esforço para enfrentar a crise demográfica, o governo de Tóquio anunciou que implementará semanas de trabalho de quatro dias para funcionários públicos, a partir de abril de 2025. A medida foi anunciada pela governadora Yuriko Koike em 3 de dezembro durante uma sessão regular da Assembleia Metropolitana de Tóquio.

A política será aplicada a todos os trabalhadores do estado, mas tem como foco principal mulheres em idade fértil. Segundo Koike, a iniciativa visa garantir que eventos da vida, como maternidade e criação de filhos, não obriguem mulheres a abrir mão de suas carreiras. “Empoderar as mulheres, um objetivo que tem ficado muito atrás no Japão em relação ao resto do mundo, é uma questão de longa data em nosso país,” destacou a governadora, segundo o site PopSci.

Além da redução da jornada, a capital japonesa também planeja ampliar a oferta de vagas em creches e financiar procedimentos como congelamento de óvulos. A expectativa é de que a flexibilização do trabalho, aliada a outras medidas, estimule a natalidade, que está em queda há oito anos consecutivos. Em 2023, o Japão registrou apenas 758.631 nascimentos em uma população de 124,62 milhões de pessoas, segundo o Ministério da Saúde e Bem-Estar Social.

Envelhecimento e escassez de mão de obra

O envelhecimento da população japonesa tem gerado desafios econômicos e sociais de grande escala. O país possui a média de idade mais alta do mundo, com 1 em cada 10 pessoas acima dos 80 anos. A escassez de mão de obra, agravada por baixos índices de natalidade, tem levado tanto o setor público quanto privado a buscar soluções inovadoras, como o aumento da automação e políticas de trabalho flexíveis.

Outras regiões do Japão, incluindo as prefeituras de Ibaraki, Miyagi e Chiba, também anunciaram planos para adotar semanas de trabalho mais curtas em suas administrações. Especialistas apontam que o impacto dessa mudança pode se estender além da produtividade e da saúde mental, ajudando a enfrentar barreiras como o custo de vida elevado, o déficit de vagas em creches e as disparidades salariais de gênero.

Apesar disso, críticos argumentam que o declínio populacional requer medidas ainda mais amplas, como a reforma das rígidas políticas de imigração e mudanças culturais. Um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) de 2024 também destaca que casamentos tardios, desigualdades de gênero e os altos custos relacionados à criação de filhos são alguns dos principais obstáculos para o aumento da natalidade no Japão.

O modelo de quatro dias, já testado em outros países, tem mostrado resultados promissores em produtividade e bem-estar dos trabalhadores. No Japão, a sua implementação pode se tornar um marco no enfrentamento de uma das crises mais graves de sua história recente.

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