TRUMP: o presidente chegou a sugerir que pacientes de covid-19 fossem tratados com desinfetante (Jim Young/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 29 de maio de 2020 às 16h19.
Última atualização em 29 de maio de 2020 às 17h12.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na tarde desta sexta-feira, 29, que o país está rompendo o relacionamento com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em coletiva de imprensa na Casa Branca, Trump criticou as estratégias de contenção da pandemia do novo coronavírus pela entidade e também o papel da China. Ainda não está claro, no entanto, como esse rompimento irá acontecer.
"A China tem o controle da OMS, apesar de pagar apenas 40 milhões por ano na comparação com o que os Estados Unidos pagam, que é aproximadamente 450 milhões por ano", disse Trump. "O mundo precisa de respostas da China sobre o vírus. Precisamos de transparência".
Além disso, ele disse que a China "encobriu" o "vírus de Wuhan", em uma referência ao novo coronavírus, o que permitiu que a doença se disseminasse pelo mundo e provocasse uma pandemia. O país foi o primeiro epicentro da covid-19, mas conseguiu contornar a crise.
Segundo Trump, a China ignorou suas obrigações de reportar esse problema à Organização Mundial da Saúde (OMS) e pressionou esta a enganar o mundo quando o vírus foi descoberto. Com isso, muitas pessoas morreram e grandes prejuízos econômicos ocorreram, argumentou.
Essa não é a primeira vez que o mandatário da Casa Branca critica a entidade. No começo de maio, Trump ameaçou cortar todo o financiamento americano, se a entidade não "se comprometesse em fazer melhoras substanciais nos próximos 30 dias". Nesta sexta, ele voltou a tocar nesse assunto, dizendo que a OMS "falhou em fazer as melhorias solicitadas".]
Os Estados Unidos se tornaram o país mais afetado pela pandemia do novo coronavírus, que se originou na China. Até o momento, revela levantamento da Universidade Johns Hopkins, 1,7 milhão de casos foram confirmados em solo norte-americano e mais de 100 mil mortes foram registradas.
Como "punição", Trump disse que iria suspender vistos de cidadãos chineses que seriam um "risco à segurança americana", além de dizer que orientaria um grupo de trabalho a avaliar as práticas de empresas da China listadas em solo americano.
O líder ainda afirmou que começará o processo para retirar o tratamento especial de Hong Kong, após Pequim avançar com uma lei de segurança que, para o governo americano, representa na prática o fim da política de "Um país, dois sistemas" até então em vigor.
"Eles quebraram sua promessa com o mundo de manter a autonomia de Hong Kong", afirmou Trump.
"O padrão da China de falhas de conduta é sabido por todos", afirmou Trump. "Durante anos eles levaram vantagem de nós como nunca ninguém antes", disse. Para ele, a China conseguiu retirar fábricas e empregos dos EUA, além de "roubar nossa propriedade intelectual e violar seus compromissos na Organização Mundial de Comércio". Segundo ele, não apenas Pequim é culpado, mas também governos americanos anteriores.