Sem acordo, autoridades estrangeiras buscam diálogo com Egito
Afirmação é do embaixador brasileiro no Cairo, Cesário Melantonio Neto
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2011 às 10h26.
Brasília - Sem vislumbrar um acordo entre o governo do presidente do Egito, Hosni Mubarak, e a oposição, as autoridades estrangeiras negociam com os dois lados em busca de informações e para manutenção das relações bilaterais. O embaixador do Brasil no Egito, Cesário Melantonio Neto, disse à Agência Brasil que é necessário manter interlocutores de ambos os lados porque as opiniões e avaliações são “muito díspares” entre si e assim garantir o diálogo.
“Nós, embaixadores estrangeiros, buscamos ter interlocução com os dois lados. É necessário conversar com os líderes do governo e da oposição porque eles têm visões muito díspares e nós temos de acompanhar tudo”, afirmou Melantonio Neto.
O embaixador disse que a cada dia o clima de tensão e apreensão aumenta no Egito. Segundo ele, não há expectativa de acordo a curto prazo. “A situação confirma um total impasse”, afirmou o diplomata. “Há muita especulação de todos os lados e o discurso do governo é opaco e difuso”, completou ele.
A oposição reivindica a saída imediata de Mubarak do poder, a instalação de um governo provisório, realização de eleições para a Assembleia Constituinte – que irá reformar a atual Constituição – e a garantia de que as votações para a escolha do futuro presidente egípcio serão livres e democráticas.
Paralelamente, o governo insiste em manter Mubarak no poder e quer que o atual Parlamento – no qual os governistas têm 95% das cadeiras – promova a reforma constitucional. O presidente quer que ele e o vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, comandem o processo de mudanças na Constituição.
“A impressão é que a cada dia há mais manifestantes nas ruas. Antes, a concentração era na Praça Tahir, agora ele se espalharam e estão em várias partes da cidade [Cairo] inclusive em frente ao Parlamento, em uma praça”, disse o embaixador brasileiro. “Há seguranças dentro do prédio do Parlamento e também nos arredores do edifício.”