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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Brasília - O México vai às urnas hoje (4) para eleger 10 governos locais, prefeituras e assembleias regionais. Pela primeira vez em quase duas décadas, a atenção está concentrada não apenas nos resultados, mas também no clima de violência que poderá afetar a votação em alguns estados. Cartéis de droga ameaçaram as campanhas de vários partidos e nesta semana foi assassinado o candidato do Partido Revolucionário Institucional (PRI) ao governo de Tamaulipas, Rodolfo Torre Cantú.
Segundo a BBC Brasl, até a semana passada, o principal foco de atenção era o resultado das alianças entre os partidos da Revolução Democrática (PRD), de esquerda, e o conservador Ação Nacional (PAN). Algumas pesquisas mostram que a aliança poderia derrotar o PRI em estados onde o partido sempre governou, como Oaxaca e Sinaloa.
Mas a morte de Torre Cantú, o mais grave incidente de violência política desde o assassinato do candidato presidencial Luis Donaldo Colosio, em 1994, mudou o cenário. O assassinato demonstra que o crime organizado pretende influir nas eleições, segundo reconheceu o próprio presidente mexicano, Felipe Calderón. Alguns vêem a ofensiva como uma mudança importante na atuação das quadrilhas de narcotraficantes.
A segurança foi reforçada durante a campanha em estados com forte presença de narcotraficantes, como Chihuahua, Durango, Sinaloa e Tamaulipas. Nos municípios de Valle de Juarez, uma das principais zonas do tráfico de drogas para os Estados Unidos, o Instituto Eleitoral de Chihuahua pediu apoio da Polícia Federal para vigiar os comícios.
O clima de medo e violência é inédito e demonstra o poder do crime organizado no país, segundo analistas. "Este é o grande problema dessas eleições que, sem dúvida, se refletirá nos atos permanentes de violência, como se demonstrou em Tamaulipas", disse Juan Maria Alponte, catedrático de Ciências Políticas da Universidad Nacional Autónoma de México (Unam).
Diante das ameaças, o Ministério de Governança assinou um protocolo de segurança com os governos dos estados onde haverá eleições para garantir a segurança dos eleitores.
O presidente Calderón convocou um diálogo nacional com todos os partidos políticos para enfrentar as ameaças do crime organizado. O PRD e o PAN já aceitaram o convite, mas o PRI, que governa 19 dos 32 Estados do país, afirmou que só dialoga depois das eleições.