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Segundo turno das eleições no Chile será entre Piñera e Guillier

Desafio para ambos os candidatos será conseguir o apoio dos eleitores dos outros seis candidatos que ficaram fora da corrida

Sebastián Piñera: discurso de agradecimento Piñera fez um chamado aos eleitores, apelando à desilusão dos simpatizantes da coligação de centro-esquerda (Rodrigo Arangua/AFP/AFP)

Sebastián Piñera: discurso de agradecimento Piñera fez um chamado aos eleitores, apelando à desilusão dos simpatizantes da coligação de centro-esquerda (Rodrigo Arangua/AFP/AFP)

AB

Agência Brasil

Publicado em 20 de novembro de 2017 às 06h20.

O empresário Sebastián Piñera, de centro-direita, venceu o primeiro turno das eleições presidenciais do Chile - mas terá que disputar o segundo turno, no dia 19 de dezembro, com o senador socialista Alejandro Guillier, candidato da presidente Michelle Bachelet.

O desafio para ambos será conseguir, em um mês, o apoio dos eleitores dos outros seis candidatos que ficaram fora da corrida.

Piñera, de 67 anos, foi presidente do Chile de 2010 a 2014 e esperava assegurar seu segundo mandato na eleição de domingo (19) com a metade mais um dos votos.

Ele obteve 37% - menos que os 45% previstos por algumas pesquisas de opinião. Guillier, que promete aprofundar as reformas e conquistas sociais de Bachelet, ficou em segundo lugar com 23% dos votos.

Mas a grande surpresa foi o bom desempenho da terceira colocada, Beatriz Sanchez. Candidata da coligação de partidos esquerdistas, formada recentemente, ela obteve 20% dos votos, quase empatando com Guillier.

No discurso de agradecimento Piñera fez um chamado aos eleitores, apelando à desilusão dos simpatizantes da coligação de centro-esquerda, que desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) elegeu todos os governos, com exceção de um: o do próprio Piñera. Este ano foi o primeiro, em 27 anos de democracia, em que a frente enfrentou uma eleição dividida.

Piñera comparou os resultados desse domingo aos de 2009, quando obteve 44% no primeiro turno e saiu vitorioso no segundo.

Ele se posicionou como o candidato da mudança, que vai tirar o Chile da "estagnação" econômica dos últimos anos. A popularidade de Bachelet foi afetada pela queda do preço do petróleo, principal produto de exportação chileno.

Ela termina seu segundo mandato em março, tendo promovido reformas tributária e educativa, cobrando mais impostos das grandes empresas e ampliando o acesso dos estudantes chilenos à educação universitária gratuita.

Apesar das políticas para reduzir a desigualdade, o governo dela foi marcado pela desaceleração da economia.

O primeiro passo de Piñera foi garantir os votos de José Antonio Kast - o único candidato que, além dele, representa a direita. Kast, que defende os valores da "familia militar", ficou em quarto lugar, com 8% dos votos.

Uma hora depois de anunciados os resultados, os dois se reuniram e Kast prometeu apoio incondicional a Piñera. Mas a aprovação de Kast pode afugentar muitos eleitores centristas. Na campanha, ele disse que o ditador Augusto Pinochet, (considerado responsável pela morte de 3 mil pessoas) foi um dos "melhores governantes chilenos" e que, se estivesse vivo, teria votado com ele.

Apesar de a maioria dos candidatos ser de centro-esquerda, seus eleitores não necessariamente apoiarão Guillier. Na campanha, Beatriz Sanchez, que lidera a antiga coalizão de centro-esquerda, se diferenciou do candidato de Bachelet, por considerar as reformas do governo insuficientes.

No domingo, ela evitou apoiar o segundo colocado, mas criticou as pesquisas de opinião, que só lhe davam 14%, sugerindo que se tivessem refletido seu verdadeiro desempenho, poderia ter chegado ao segundo turno.

Ontem, também foram eleitos 155 deputados e 23 senadores. Chile Vamos, a coligação que apoia Piñera, e a recém-criada Frente Ampla, de Beatriz Sanchez, foram os que mais aumentaram a participação no Congresso.

Segundo os analistas políticos, é difícil prever os resultados do segundo turno - especialmente porque as pesquisas de opinião falharam e os votos dos "indecisos" supreenderam. Desde 2012, o voto deixou de ser obrigatório no Chile.

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