Seca do Rio Xingu por causa de Belo Monte preocupa mais do que alagamento
Brasília - A redução da vazão do Rio Xingu decorrente da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte vai provocar impactos mais fortes à população local do que a criação do lago pela barragem. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a alteração do ciclo hídrico do rio vai diminuir a vazão […]
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Brasília - A redução da vazão do Rio Xingu decorrente da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte vai provocar impactos mais fortes à população local do que a criação do lago pela barragem. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a alteração do ciclo hídrico do rio vai diminuir a vazão em uma extensão de 100 quilômetros à jusante da chamada Volta Grande do Xingu, onde será construída a usina.
Para os povos indígenas que vivem na região, a redução da vazão vai inviabilizar a navegação no Rio Xingu, principal meio de transporte dos habitantes daquela região amazônica, de acordo com o secretário adjunto do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cléber Buzatto. Ele diz que o secamento também vai provocar uma redução no volume de pescado, base da alimentação e uma das principais fontes de renda da população ribeirinha. "O governo considera como impacto somente o que será alagado, mas a área do rio onde haverá o secamento também deve ser avaliada", alerta Buzatto.
O Movimento Xingu Vivo para Sempre calcula que cerca de 50 mil pessoas da região serão atingidas pelos alagamentos e pela seca provocados pela usina. Antônia Melo, da coordenação do movimento, estima que 15 mil famílias que vivem da agricultura familiar devem sair de suas casas, pois perderão áreas de plantio.